Sinais na pele podem aparecer em até 4 semanas após início da covid-19
Problemas cutâneos podem afetar diferentes tipos de perfis de pacientes, com quadros graves ou leves da doença
Manifestações cutâneas têm sido apontadas desde o início da pandemia como um dos sinais da covid-19. De acordo com uma revisão em estudos científicos feita pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), a doença pode sim dar sinais da pele.
Um documento divulgado pela entidade diz que as lesões na pele podem surgir em até quatro semanas depois do início dos sintomas gerais da covid-19, mas principalmente nas duas primeiras.
Os quadros de exantema (erupções avermelhadas) e urticária costumam ser mais precoces, e aparecerem juntos com os sintomas gerais ou nos dois primeiros dias. A SBD também frisa que existem relatos de surgimento tardio, até um mês depois.
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As manifestações vasculares, como pseudo-eritema pérnio, também conhecido como dedos de covid, podem aparecer mais tardiamente. Geralmente ocorre após a segunda semana de infecção. É quando aparecem manchas arroxeadas nas pontas dos dedos.
Alguns estudos apontam a possibilidade das lesões cutâneas surgirem antes dos sintomas gerais da covid-19, ou seja, de serem os primeiros sinais da infecção. “Isso pode ocorrer entre 8 a 17% dos pacientes que desenvolvem quadro cutâneo”, alerta a assessora do Departamento de Medicina Interna da SBD, Camila Seque.
Segundo informa a nota técnica da SBD, nesses casos, as lesões de pele precedem em média três dias os sintomas gerais e os quadros de urticária são os mais relatados.
“Tal dado é relevante, pois aponta para as manifestações cutâneas como possíveis marcadores iniciais da infecção por SARS-CoV-2, e ainda na fase pré-clínica, o que contribuiria para o diagnóstico precoce da covid-19”, complementa o texto.
A coordenadora Científica da SBD, Flávia Bittencourt, adverte que outro ponto controverso na literatura científica é a presença de lesões de pele como manifestação única da covid-19, ou seja, lesões cutâneas sem qualquer outro sintoma geral. “Até o momento, há poucos estudos que sustentem essa afirmação”.
O trabalho da SBD, que será disponibilizado aos especialistas, ressalta que” as manifestações cutâneas, apesar de possíveis, são menos específicas do que outros sinais clínicos relacionados à covid-19, exigindo sempre uma avaliação criteriosa dos dermatologistas antes de sua classificação final”.
Outro dado importante é sobre a relação entre as manifestações cutâneas e as formas leves e graves da doença. Segundo a SBD, elas podem se apresentar em ambas as formas, pois acometem diferentes perfis de pacientes.