Solidão acelera perda de memória em idosos, aponta Universidade de Waterloo
Estudo canadense evidencia por que a ausência de relações sociais pode afetar a saúde cognitiva na terceira idade
Você se lembra do cheiro do café da manhã de domingo na infância? Ou do nome do seu primeiro professor? Essas memórias preciosas, guardadas nos corredores do cérebro, podem se tornar vítimas silenciosas de um inimigo inesperado: a solidão.
Durante décadas, culpamos o tempo. Afinal, é comum associar a perda de memória ao envelhecimento — células cerebrais que morrem, conexões que enfraquecem. Mas uma nova pesquisa da Universidade de Waterloo, no Canadá, traz um alerta que vai além do relógio biológico: a solidão pode ser um acelerador do declínio cognitivo, com um impacto ainda maior que o isolamento social em si.
Solidão e isolamento: parecidos, mas não iguais
O estudo acompanhou quatro grupos de idosos por seis anos, mapeando suas conexões sociais e sua capacidade de lembrar. E o que os cientistas encontraram foi revelador: não é a ausência de pessoas ao redor que mais corrói a memória — é o sentimento de estar sozinho, mesmo quando se está cercado de gente.
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Os participantes foram divididos entre aqueles que eram socialmente isolados e solitários, apenas isolados, apenas solitários e aqueles que viviam bem conectados, sem sinais de solidão.
O grupo que carregava tanto o isolamento quanto a solidão foi o que apresentou a maior deterioração da memória ao longo dos anos. Mas o que surpreendeu os pesquisadores foi que até mesmo os que estavam rodeados de pessoas, mas se sentiam solitários, sofreram perdas cognitivas importantes.
O recado é claro: não basta estar com alguém, é preciso sentir que se está com alguém.
O cérebro sente o que o coração cala
A solidão, mais do que um estado de espírito, se transforma em uma tempestade química. O aumento do cortisol — o hormônio do estresse — aliado à baixa estimulação emocional pode provocar um colapso progressivo das funções cognitivas. Segundo Ji Won Kang, autor principal do estudo, “foi surpreendente ver que a solidão teve um impacto mais forte do que o próprio isolamento social — algo raramente destacado em pesquisas anteriores”.
Mas há esperança. E ela está nas experiências que aquecem o cérebro.
Memória em movimento: como manter o cérebro jovem
A boa notícia é que o cérebro é teimoso. Ele insiste em aprender, mudar e se reinventar — mesmo com o passar dos anos. Isso se deve à sua plasticidade neural, a capacidade de criar novas conexões e caminhos. E essa habilidade pode ser estimulada com algo tão simples quanto aprender um novo idioma, cultivar um hobby ou praticar atividades físicas.
Mais do que um conselho de revista de saúde, isso é neurociência: jogos de tabuleiro, leitura, viagens, conversas significativas, aulas de dança — tudo o que desafia o cérebro ajuda a preservar suas lembranças.
No fim, a chave para uma mente saudável talvez não esteja apenas nos exames, nas dietas ou nos remédios. Está também nas risadas compartilhadas, nas histórias contadas e na sensação de pertencimento.
Porque, no fim das contas, a memória é feita de momentos. E ninguém guarda sozinho aquilo que vive junto.
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