Sonolência durante o dia pode ser sinal precoce de demência, diz estudo

Pesquisa encontra relação entre sono excessivo durante o dia e síndrome pré-demência

Por Silvia Melo em parceria com Anna Luísa Barbosa (Médica - CRMGO 33271)
23/11/2024 12:00 / Atualizado em 27/11/2024 12:12

Idosos que sentem sono durante o dia podem ter maior probabilidade de desenvolver uma síndrome que pode levar à demência, de acordo com um estudo publicado na edição online da Neurology, o periódico médico da Academia Americana de Neurologia.

A equipe investigou a relação entre problemas de sono e a prevalência da síndrome de risco cognitivo motor (SRCM). Pessoas com essa síndrome andam lentamente e têm dificuldades com a memória, mas não têm deficiências de mobilidade ou demência diagnosticada.

Descrita pela primeira vez em 2013, a SRCM não foi reconhecida pela comunidade médica por muito tempo, mas agora sabe-se que ela levar à demência. Mais precisamente, acredita-se que adultos mais velhos com a síndrome tenham o dobro de probabilidade de desenvolver demência.

Os cientistas disseram que a pesquisa era importante porque a intervenção precoce é necessária para prevenir a demência de forma eficaz.

Estudo descobre que pessoas com sonolência diurna excessiva têm mais probabilidade de desenvolver a síndrome pré-demência
Estudo descobre que pessoas com sonolência diurna excessiva têm mais probabilidade de desenvolver a síndrome pré-demência - DGLimages/istock

Detalhes do estudo

O estudo incluiu 445 pessoas com mais de 65 anos, que não tinham demência.

No início do estudo, os participantes preencheram questionários detalhados sobre seus hábitos de sono. As perguntas abordavam questões como a dificuldade em adormecer em até 30 minutos, interrupções durante a noite, desconforto causado por sensações de calor ou frio, entre outros fatores. Eles também foram indagados sobre o uso de medicamentos para facilitar o sono.

Outra seção dos questionários explorava a sonolência diurna, investigando com que frequência os participantes enfrentavam dificuldades para permanecer acordados em situações como dirigir, fazer refeições ou participar de eventos sociais.

Além disso, os participantes relataram possíveis problemas de memória e dificuldades em manter a motivação para realizar atividades do dia a dia. O estudo também incluiu testes de desempenho físico, como a medição da velocidade ao caminhar em uma esteira.

No início, 42 dos 445 idosos avaliados apresentavam síndrome de SRCM. Durante os três anos seguintes de acompanhamento, outros 36 participantes desenvolveram a condição durante o estudo.

Daqueles com sonolência diurna excessiva e falta de entusiasmo, 35,5% desenvolveram a síndrome, em comparação com 6,7% das pessoas sem esses problemas.

Uma vez que os pesquisadores ajustaram outros fatores que poderiam afetar o risco da síndrome, como idade, depressão e outras condições de saúde, eles descobriram que pessoas com sonolência diurna excessiva e falta de entusiasmo tinham mais de três vezes mais probabilidade de desenvolver a SRCM do que aquelas que não tinham esses problemas relacionados ao sono.