Técnica evita queda de cabelo de pacientes com câncer

Procedimento resfria o couro cabelo em até -20ºC

14/06/2018 21:40 / Atualizado em 05/05/2020 10:50

Ana Furtado está apostando na crioterapia
Ana Furtado está apostando na crioterapia

A apresentadora Ana Furtado, que enfrenta um câncer de mama em estágio inicial, anunciou em suas redes sociais que está fazendo crioterapia. O tratamento, ainda pouco conhecido, diminui as chances do cabelo cair durante a quimioterapia. O processo consiste em usar uma touca gelada, que resfria o couro cabelo em até -20ºC e contrai os vasos sanguíneos, impedindo que as substâncias da quimioterapia atinjam os bulbos capilares.

O procedimento é novo, só foi aprovado nos Estados Unidos em 2016 e chegou ao Brasil no ano seguinte. Por aqui, a técnica não tem cobertura pelos planos de saúde e cada sessão custa em torno de R$300.

Embora o tratamento seja eficaz, ele não garante 100% a queda dos fios. Isso depende da medicação e da resposta de cada paciente. Os oncologistas recomendam que durante o tratamento os pacientes não lavem os cabelos todos os dias e usem apenas com shampoo infantil. Processos químicos também devem ser suspensos nesse período.

“Não há números apurados sobre a eficácia do uso desta técnica no Brasil. Contudo, pesquisas realizadas em vários países da Europa, onde sua aplicação já vinha sendo feita ao longo dos últimos anos,  mostram que  a redução da taxa de alopecia variou de 49% até 100% em mais de 2 mil pacientes avaliadas. Isso significa que a queda de cabelos foi nula ou praticamente imperceptível em boa parte dos casos”, diz o oncologista Daniel Gimenes, do Centro Paulista de Oncologia – CPO – Grupo Oncoclínicas.

Como funciona a crioterapia

Um capacete revestido por um gel em temperatura de 4º C é conectado por meio de um tubo a uma máquina que se assemelha a um circulador de ar. Colocado sobre a cabeça do paciente 60 minutos antes da infusão de quimioterapia, a touca permanece sendo usada durante toda a aplicação do quimioterápico e só é retirada cerca de uma hora após a aplicação completa do medicamento. Todo o processo dura em torno de três a quatro horas.

“Esse dispositivo gelado causa uma sensação térmica de aproximadamente 15º C e, em geral, é bem tolerada. Em alguns casos pode haver queixa de dor de cabeça, tontura e sensação de frio, mas tais sintomas não são considerados como fatores que levem à desistência do procedimento pelos pacientes, graças aos bons resultados alcançados”, ressalta o Dr. Daniel.

Esse resfriamento do couro cabeludo diminui o fluxo sanguíneo para a raiz de cada fio, fazendo com o que folículo capilar fique menos suscetível à agressão dos quimioterápicos e, portanto, menos propenso ao risco de queda. “Mesmo acontecendo o resfriamento do couro cabeludo apenas um pouco antes da quimioterapia, durante e um pouco depois, o efeito de proteção dos folículos se mantem ao longo de semanas de intervalos entre uma aplicação e outra de quimioterapia. É um método seguro e bem tolerado”, explica a oncologista Daniele  Ferreira, da Oncoclínica.

A crioterapia pode ser aplicada em pacientes diagnosticados com a maioria dos tipos de câncer, com exceção dos casos de pacientes com câncer hematológico, como a leucemia e o linfoma. A técnica não possui efeitos colaterais graves e costuma ser bem tolerada pela maioria dos pacientes em tratamento. O que pode ocorrer são sintomas como sensação de frio, dores de cabeça e tontura.

Pesquisas realizadas em vários países da Europa, onde a técnicas já é utilizada há mais tempo, mostram que a redução da taxa de alopecia variou de 49% até 100% em mais de 2 mil pacientes avaliadas.

Leia também: