Tem bexiga hiperativa? Saiba reconhecer os sinais do problema
A condição pode trazer insegurança, fazendo com que as pessoas se afastem de certos compromissos e vida social
Todo mundo já sentiu aquela vontade súbita de urinar. Isso muitas vezes tem mais a ver com o excesso de líquido que tomamos do que com outro problema. No entanto, este sintoma desagradável é um dos sinais frequentemente presentes em casos de bexiga hiperativa.
A vontade repentina de urinar pode ser difícil de controlar e pode acontecer muitas vezes durante o dia e a noite.
Como se não bastasse esse incômodo, a pessoa pode apresentar ainda um quadro de incontinência urinária, que é a perda involuntária de urina durante o simples fato de espirrar, tossir, agachar, pegar peso ou ainda durante o ato sexual.
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Apesar de haver poucos dados sobre a bexiga hiperativa no Brasil, o estudo National Overactive Bladder Study (NOBLE), realizado nos Estados Unidos, aponta que a condição afeta 16,9% das mulheres e 16% dos homens.
O que piora o quadro é o fato de muitos homens e mulheres adiarem por anos a busca de um tratamento.
“Quase dois terços dos pacientes têm sintomas por mais de dois anos quando resolvem procurar ajuda. Mas, quanto antes o tratamento tem início, melhores são os resultados”, comenta o urologista e especialista em transplante renal, Rodrigo Rosa de Lima.
Como reconhecer os sintomas da bexiga hiperativa?
- Necessidade frequente e urgente de urinar
- Perda de urina após sentir uma vontade repentina de ir ao banheiro
- Interrupção do sono devido à necessidade de urinar várias vezes à noite
- Evitar atividades sociais por medo de não ter acesso rápido a um banheiro
Quais são as causas da bexiga hiperativa?
De acordo com o especialista, a condição pode ter várias causas, inclusive de ordem neurológica, e seu diagnóstico é clínico, feito com base nos sintomas apresentados pelo paciente.
Usa-se como parâmetro a necessidade de urinar muitas vezes de dia ou de noite, com ou sem urgência e/ou incontinência.
“Para atestar a síndrome temos que afastar as hipóteses de cálculo renal, de infecção urinária e da presença de algum tumor”, diz.
De acordo com Rodrigo, a bexiga hiperativa em homens se torna mais prevalente após os 50 anos de idade, quando o aumento da próstata, recorrente nessa faixa etária, começa a impactar o órgão.
Já em mulheres, a maior parte dos casos é idiopático, o que quer dizer que não possui uma causa definida.
Outra diferença entre os gêneros é que em homens a síndrome costuma se apresentar de forma seca, ou seja, sem que haja perda de urina na maior parte dos casos, ao contrário do que costuma acontecer com mulheres, mais afetadas pela chamada bexiga hiperativa úmida.
Apesar de algumas semelhanças, a bexiga hiperativa não deve ser confundida com a incontinência urinária, que se caracteriza não pela urgência de urinar, mas sim pela perda do controle da bexiga e pela eliminação involuntária da urina pela uretra.
“Nem todo caso de incontinência decorre de bexiga hiperativa, assim como nem todo caso de bexiga hiperativa vem acompanhado de incontinência”, salienta Rodrigo.
Tratamento
Entre as opções de tratamento, o especialista explica que o primeiro passo é a mudança comportamental.
“Se a pessoa acorda muito à noite para urinar, eu oriento ao paciente que pare de ingerir líquidos pelo menos uma hora antes de dormir. Também é preciso evitar comidas e bebidas como café, refrigerante de cola, pimenta, chocolate, sucos cítricos, chá preto e chá verde, além do álcool e do cigarro, que são substâncias que aceleram o funcionamento da bexiga”, explica.
O passo seguinte, caso as mudanças comportamentais não promovam as melhorias desejadas, é o acompanhamento com fisioterapeuta, antes do uso de medicamentos ou associado a eles desde o início.
Por fim, se as etapas anteriores não funcionarem, o último estágio é a aplicação da toxina botulínica (mesma substância utilizada no Botox).
“O mecanismo do tratamento é provocar a paralisia muscular localizada, sem afetar outros músculos ou órgãos vizinhos”, diz o urologista. “Isso promove o melhor controle urinário, o aumento da capacidade de armazenamento da bexiga e a diminuição de casos de urgência ou incontinência urinária.”
No entanto, o especialista destaca que o efeito da toxina botulínica é transitório e questões como o intervalo entre as aplicações e a quantidade a ser injetada devem ser avaliadas caso a caso.
Além disso, o uso acarreta risco de retenção de urina em cerca de 5% dos pacientes, requerendo que seja feito cateterismo enquanto a substância estiver presente no organismo.