Teste de olfato pode detectar Alzheimer precocemente
Ferramenta de triagem não invasiva pode ser utilizada em casa
Algo tão simples quanto cheirar um cartão de raspar pode ajudar os médicos a detectar a doença de Alzheimer anos antes que os problemas de memória comecem.
Isso é possível porque as regiões do cérebro responsáveis pelo processamento de cheiros estão entre as primeiras afetadas pelo Alzheimer. Os aglomerados de proteínas prejudiciais que caracterizam a doença começam a se acumular em regiões de processamento de cheiros muito cedo. Isso torna o desempenho olfativo um potencial biomarcador precoce para declínio cognitivo.
Essas mudanças podem começar de 15 a 20 anos antes que os problemas de memória apareçam, dando aos médicos uma potencial janela de alerta precoce.
- Preços dos remédios podem aumentar até 5,06%; entenda o motivo
- Serasa Experian oferece bolsas de estudo para jovens da zona leste de SP
- Problema cardíaco oculto pode estar encolhendo seu cérebro
- 4 fatos inusitados sobre a Tailândia que vão atiçar seu desejo de viagem
O teste de olfato chamado AROMHA é fruto de pesquisa do Massachusetts General Hospital, dos Estados Unidos. A descoberta publicada na Scientific Reports aborda um grande problema na medicina: encontrar maneiras baratas e não invasivas de detectar o Alzheimer antes que os sintomas óbvios apareçam.
O design remoto e autoadministrado do teste permite fácil uso em casa, o que o torna uma opção promissora para alcançar populações carentes e melhorar a detecção precoce, mesmo para pessoas em áreas remotas ou carentes.
Como o teste funciona?
Os participantes recebem pelo correio um conjunto de cartões perfumados e seguem instruções online para realizar a avaliação. Durante o teste, eles precisam:
- Nomear odores corretamente
- Diferenciar cheiros distintos
- Lembrar aromas apresentados anteriormente
- Classificar a intensidade de cada cheiro
Essa abordagem permite medir de forma objetiva a capacidade olfativa, que pode estar diretamente ligada à saúde cognitiva.
As descobertas
Pesquisadores testaram 127 pessoas com cognição normal, 34 com preocupações sobre a memória, mas sem diagnóstico de doença, e 19 com comprometimento cognitivo leve, uma condição frequentemente precursora do Alzheimer. Também foram incluídos sete pacientes diagnosticados com perda total do olfato para comparação.
Os resultados indicaram que:
- Pessoas com comprometimento cognitivo leve tiveram um desempenho muito inferior em identificar e diferenciar odores.
- Participantes com perda de olfato diagnosticada pontuaram em níveis que sugeriam que estavam apenas adivinhando as respostas.
- O teste funcionou igualmente bem independentemente do idioma (inglês ou espanhol) e da presença ou não de um pesquisador supervisionando remotamente.
- O declínio olfativo foi mais acentuado em pessoas com comprometimento cognitivo leve do que no envelhecimento normal, sugerindo que o problema era mais do que apenas um efeito da idade.
- Mais de 55% dos participantes mais velhos completaram o teste com sucesso em casa, mostrando que adultos na terceira idade podem lidar bem com exames digitais autoadministrados.
Um novo caminho para diagnósticos precoces
Atualmente, a maioria das pessoas busca ajuda médica apenas após notar problemas de memória, um estágio em que danos cerebrais significativos já ocorreram. O teste AROMHA pode permitir que médicos identifiquem sinais precoces de doenças neurodegenerativas, oferecendo a oportunidade de intervenção antecipada.
Médicos há muito tempo sabem que a perda do olfato pode indicar doenças cerebrais. O diferencial do teste AROMHA é sua praticidade e acessibilidade, tornando-se um potencial exame rotineiro em check-ups para pessoas com mais de 55 anos.