Testes com medicamento para Alzheimer têm resultado histórico
Apesar do resultado positivo, riscos de efeitos adversos preocupam
Um estudo com medicamento experimental para o Alzheimer encerra décadas de fracasso no estudo de tratamentos para a demência. Os testes com o lecanemab mostraram pela primeira vez resultados positivos em voluntários, sendo capaz de desacelerar os sintomas debilitantes da doença.
A pesquisa foi divulgada na terça-feira, 29, na revista científica New England Journal of Medicine e mostrou que a droga retardou o declínio da memória e da agilidade mental em 27% em pacientes com Alzheimer leve.
Os dados do estudo de fase 3 sugerem que, em 18 meses, o lecanameb foi associado a mais depuração de amiloide, proteína que se acumula nos cérebros dos pacientes com Alzheimer, e menos declínio cognitivo.
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Rob Howard, professor de psiquiatria da terceira idade na University College London, disse que os resultados foram “maravilhosos e cheios de esperança”. “Finalmente ganhamos alguma força nesta doença terrível e temida e os anos de pesquisa e investimento finalmente valeram a pena”, comemorou.
Isso não significa, no entanto, que o lecanemab seja a cura para a doença. Mas representa uma mudança de jogo só de retardar a progressão do Alzheimer, atrasando a necessidade de cuidados especializados.
Riscos
Apesar dos resultados positivos, os riscos dos eventos adversos preocupam. Exames de imagem mostraram a ocorrência de hemorragias cerebrais em 17% dos participantes e de inchaço cerebral em 13%.
Cerca de 6,9% dos voluntários tiveram que deixar os testes por conta desse efeitos colaterais.
Os pesquisadores dizem que serão necessários testes mais longos para determinar a eficácia e segurança do lecanemab.
Mas a empresa pretende solicitar a aprovação do medicamento nos Estados Unidos até o final de março. A Food and Drug Administration, órgão semelhante à Anvisa nos EUA, concedeu “revisão prioritária” ao lecanemab.