Tratamento com células-tronco cura mais um paciente com HIV
Paciente foi acompanhado por dez anos pela equipe de pesquisadores e não há evidências de que o vírus possa ser reativado
Pesquisadores relataram um terceiro caso de cura do HIV após o paciente passar por um transplante de células-tronco resistentes ao vírus.
O estudo, publicado segunda-feira na revista científica Nature, descreve o caso de um paciente alemão do sexo masculino de 53 anos que foi submetido a um transplante de medula óssea (células-tronco) para tratar sua leucemia.
Ele foi acompanhado por dez anos pela equipe de pesquisadores da Universidade de Dusseldorf e não há evidências de que o vírus possa ser reativado.
A remissão do HIV, que geralmente é considerada vitalícia, ocorre depois que uma equipe do University Hospital Düsseldorf destruiu as células cancerígenas do paciente e as substituiu por células de doadores que não possuem CCR5, o receptor que as partículas de HIV usam para infectar as células.
Em 2018, o paciente abandonou a terapia antirretroviral, um tratamento que mantém o HIV em níveis controláveis, e permanece livre do HIV desde então.
Ele é uma das poucas pessoas a receber esse tratamento com eficácia, incluindo Timothy Ray Brown, que fez um transplante de medula óssea – também para tratar a leucemia – em Berlim em 2007, e Adam Castillejo, que foi declarado livre do HIV em Londres em 2019.
Como o tratamento funciona?
Há um receptor nas células-alvo do vírus HIV chamado CCR5.
Todos os três casos envolveram pacientes HIV-1 positivos que foram submetidos a um transplante de células-tronco de um doador com ambas as cópias de uma mutação CCR5 rara, mas de ocorrência natural.
Indivíduos com essa mutação têm menor ou nenhuma expressão do receptor CCR5 em suas células, conferindo proteção contra algumas cepas do vírus HIV.
O transplante basicamente substitui o sistema imunológico do paciente por um resistente ao HIV.