Uso frequente de analgésico pode estar causando sua dor de cabeça
Especialista alerta para um tipo comum e pouco conhecido de cefaleia provocada justamente pelo excesso de medicamentos usados para combatê-la
Para quem sofre com dores de cabeça frequentes ou enxaqueca, o impulso imediato costuma ser recorrer a analgésicos como ibuprofeno, paracetamol ou até mesmo codeína. Mas, segundo o médico de família Mark Potter, do Hospital da Universidade de Illinois (EUA), o alívio que esses remédios proporcionam pode se tornar o próprio gatilho da dor.
Em sua coluna no jornal The Times, o especialista explicou um fenômeno ainda pouco reconhecido: a “dor de cabeça por uso excessivo de medicamentos”, uma condição que pode se tornar crônica quando o organismo se acostuma com o uso frequente de analgésicos.
O que é a dor de cabeça por uso excessivo de medicamentos?
Trata-se de uma condição em que o uso constante de remédios para dor — mesmo os mais comuns — acaba desencadeando um efeito rebote no organismo. Segundo o Dr. Potter, a história típica envolve alguém que começa tomando analgésicos de forma pontual e, com o tempo, passa a utilizá-los na maioria dos dias do mês.
“A dor geralmente aparece ao acordar e até melhora com os comprimidos, mas os efeitos duram cada vez menos, levando a um ciclo de consumo contínuo”, alerta o médico.

Mulheres entre 30 e 40 anos são as mais afetadas
Embora qualquer pessoa possa desenvolver esse tipo de cefaleia, Dr. Potter afirma que ela é mais comum em mulheres entre 30 e 40 anos. Além do padrão de uso, fatores como ansiedade, depressão e predisposição genética parecem estar associados à condição.
Além disso, os analgésicos não precisam ser “fortes” para causar o problema. Medicamentos comuns e de venda livre, como o paracetamol, já são suficientes para desencadear a dor com o uso frequente.
Efeitos colaterais e como tratar
Interromper o uso dos analgésicos pode ser difícil no início. Nas três primeiras semanas após a retirada, as dores de cabeça podem se intensificar. No entanto, segundo o especialista, esse período de abstinência costuma ser seguido por uma melhora significativa nos sintomas.
Por isso, o acompanhamento médico é fundamental. Em muitos casos, estratégias como ajustes na rotina de sono, alimentação e manejo do estresse também ajudam a reduzir as dores sem recorrer ao uso contínuo de remédios.
Quando procurar ajuda
Se você se vê tomando analgésicos vários dias por semana ou percebe que precisa de doses cada vez maiores para sentir alívio, é hora de conversar com um profissional. A automedicação pode mascarar um problema mais sério e gerar um ciclo difícil de quebrar.
Identificar o tipo de dor e ajustar o tratamento são passos importantes para evitar que o remédio vire o vilão da história.