Vacina experimental contra câncer de pâncreas provoca proteção longa
Os dados da fase 1 mostram que a vacina candidata pode ter uma duração de até 3 anos no corpo
Pesquisadores anunciaram novos dados dos testes de uma vacina terapêutica contra o câncer de pâncreas nos Estados Unidos.
Os dados apresentados nesta terça-feira, 9, mostram que uma vacina experimental para o tratamento da doença é capaz de estimular uma resposta imunológica que pode reduzir o risco do câncer retornar após a cirurgia.
O anúncio sobre o resultado dos testes foi apresentado pelo laboratório alemão BioNTech, junto ao Centro de Câncer Memorial Sloan Kettering (MSK) e à empresa de biotecnologia Genentech, do Grupo Roche.
Proteção por 3 anos
Baseada em RNA mensageiro (mRNA), a vacina candidata ativou células do sistema imunológico que persistiram no corpo por até três anos após o tratamento em certos pacientes.
Além disso, uma resposta imunitária induzida pela vacina correlacionou-se com a redução do risco de recidiva do câncer.
Os pesquisadores apresentaram os dados na Reunião Anual da Associação Americana para Pesquisa do Câncer (AACR), em San Diego, nos EUA.
Como a vacina age contra o câncer de pâncreas?
No ensaio clínico de fase 1, as vacinas foram personalizadas para cada participante com base no perfil mutacional do seu tumor individual.
A vacina destina-se a ensinar as células T – células imunitárias que protegem o corpo contra agentes patogénicos e câncer – a reconhecer proteínas encontradas exclusivamente nos tumores pancreáticos, chamadas neoantigénios.
Isso alerta as células T de que as células cancerígenas são estranhas. Dessa forma, a abordagem treina o corpo para se proteger contra as células cancerígenas.
Resultados anteriores do ensaio de fase 1, publicados em maio de 2023 na Nature, mostraram que os participante toleram bem a vacina e ela ativou células imunológicas em metade dos pacientes.
Agora, num acompanhamento médio de três anos, a equipe continua a encontrar evidências de uma resposta robusta das células T ativadas pela vacina.
Através da análise do sangue dos pacientes do ensaio, os pesquisadores descobriram que 98% das células T especificamente ativadas pela vacina candidata contra o câncer não estavam presentes nos pacientes antes da vacinação.
Além disso, observaram que em seis dos oito pacientes, as células T persistiram de dois a três anos após a vacinação.
Câncer de pâncreas no Brasil
Atualmente, as opções de tratamento para o câncer de pâncreas são muito limitadas. E pelo fato de ser de difícil detecção e ter comportamento agressivo, apresenta alta taxa de mortalidade.
De acordo com Instituto Nacional de Câncer (Inca), no Brasil, o câncer de pâncreas ocupa a 14ª posição entre os tipos de câncer mais frequentes. Isso sem considerar os tumores de pele não melanoma.
É responsável por cerca de 1% de todos os tipos de câncer e por 5% do total de mortes em decorrência da doença.
Quais os sintomas de câncer de pâncreas?
- Dor abdominal, que pode irradiar para as costas
- Perda de peso inexplicada
- Fraqueza e fadiga
- Icterícia, caracterizada pela coloração amarelada da pele e dos olhos
- Perda de apetite
- Náuseas e vômitos
- Mudanças nas fezes, como fezes claras e gordurosas
- Diabetes não diagnosticado ou piora do controle da glicose
- Coceira intensa na pele
- Trombose venosa profunda (coágulos sanguíneos)