Vacina experimental contra câncer de pâncreas provoca proteção longa

Os dados da fase 1 mostram que a vacina candidata pode ter uma duração de até 3 anos no corpo

10/04/2024 07:33

Pesquisadores anunciaram novos dados dos testes de uma vacina terapêutica contra o câncer de pâncreas nos Estados Unidos.

Os dados apresentados nesta terça-feira, 9, mostram que uma vacina experimental para o tratamento da doença é capaz de estimular uma resposta imunológica que pode reduzir o risco do câncer retornar após a cirurgia.

Testes com vacina experimental contra câncer de pâncreas apresenta resultados promissores
Testes com vacina experimental contra câncer de pâncreas apresenta resultados promissores - Thiago Santos/istock

O anúncio sobre o resultado dos testes foi apresentado pelo laboratório alemão BioNTech, junto ao Centro de Câncer Memorial Sloan Kettering (MSK) e à empresa de biotecnologia Genentech, do Grupo Roche.

Proteção por 3 anos

Baseada em RNA mensageiro (mRNA), a vacina candidata ativou células do sistema imunológico que persistiram no corpo por até três anos após o tratamento em certos pacientes.

Além disso, uma resposta imunitária induzida pela vacina correlacionou-se com a redução do risco de recidiva do câncer. 

Os pesquisadores apresentaram os dados na Reunião Anual da Associação Americana para Pesquisa do Câncer (AACR), em San Diego, nos EUA.

Como a vacina age contra o câncer de pâncreas?

No ensaio clínico de fase 1, as vacinas foram personalizadas para cada participante com base no perfil mutacional do seu tumor individual.

A vacina destina-se a ensinar as células T – células imunitárias que protegem o corpo contra agentes patogénicos e câncer – a reconhecer proteínas encontradas exclusivamente nos tumores pancreáticos, chamadas neoantigénios.

Isso alerta as células T de que as células cancerígenas são estranhas. Dessa forma, a abordagem treina o corpo para se proteger contra as células cancerígenas.

Resultados anteriores do ensaio de fase 1, publicados em maio de 2023 na  Nature, mostraram que os participante toleram bem a vacina e ela ativou células imunológicas em metade dos pacientes.

Agora, num acompanhamento médio de três anos, a equipe continua a encontrar evidências de uma resposta robusta das células T ativadas pela vacina.

Através da análise do sangue dos pacientes do ensaio, os pesquisadores descobriram que 98% das células T especificamente ativadas pela vacina candidata contra o câncer não estavam presentes nos pacientes antes da vacinação.

Além disso, observaram que em seis dos oito pacientes, as células T persistiram de dois a três anos após a vacinação.

Câncer de pâncreas no Brasil

Atualmente, as opções de tratamento para o câncer de pâncreas são muito limitadas. E pelo fato de ser de difícil detecção e ter comportamento agressivo, apresenta alta taxa de mortalidade.

De acordo com Instituto Nacional de Câncer (Inca), no Brasil, o câncer de pâncreas ocupa a 14ª posição entre os tipos de câncer mais frequentes. Isso sem considerar os tumores de pele não melanoma.

É responsável por cerca de 1% de todos os tipos de câncer e por 5% do total de mortes em decorrência da doença.

Quais os sintomas de câncer de pâncreas?

  • Dor abdominal, que pode irradiar para as costas
  • Perda de peso inexplicada
  • Fraqueza e fadiga
  • Icterícia, caracterizada pela coloração amarelada da pele e dos olhos
  • Perda de apetite
  • Náuseas e vômitos
  • Mudanças nas fezes, como fezes claras e gordurosas
  • Diabetes não diagnosticado ou piora do controle da glicose
  • Coceira intensa na pele
  • Trombose venosa profunda (coágulos sanguíneos)