Vacinas para alergias respiratórias podem curar até 80% dos casos
Médico explica como a imunização funciona e que tipo de paciente pode fazer uso desse tratamento
A imunização é importante, não somente para prevenir doenças, mas também para combater alergias. Estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostra que cerca de 40% das pessoas possuem alguma doença alérgica, sendo que as respiratórias são as mais comuns. No combate às alergias, além das medidas de controle, a imunização pode ser uma aliada e tanto nessa luta. “Estudos recentes comprovaram 80% de cura e 20% de melhora considerável, após administração de vacinas”, explica o otorrinolaringologista do Hospital CEMA, Marcelo Mello.
Para que uma alergia seja considerada curada o principal critério é que o paciente tenha ficado um ano sem crises alérgicas. “A imunoterapia ainda é, junto com as medidas de higiene ambiental, a única estratégia terapêutica capaz de modificar a evolução natural da doença alérgica ao induzir a sua melhora e até remissão e prevenir o seu agravamento, assim como o surgimento de novas sensibilizações, com efeitos duradouros, mesmo após a sua suspensão”, resume o especialista.
As alergias respiratórias, que compreendem a rinite e a asma, caracterizam-se por uma reação de hipersensibilidade ao que os especialistas chamam de alérgenos. Poeira, pólen, ácaros, fungos, pelos de animais, entre outras substâncias, são alguns dos principais causadores de quadros alérgicos. Nos indivíduos predispostos, tais substâncias provocam uma reação inflamatória, causando os sintomas característicos, como tosse, obstrução nasal e coceira. É difícil de tratar, pois é preciso eliminar os agentes causadores. As alergias têm ainda uma influência genética considerável.
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Como funciona o tratamento com vacinas para combater as alergias?
A vacina que trata a alergia consiste na introdução, por via injetável ou oral, de quantidades crescentes da substância causadora da alergia (alérgeno), com o objetivo de obter um estado de tolerância a essa substância.
Funciona assim: aumentam-se os níveis de anticorpos IgG1, IgG4 e IgA, e diminui-se a produção dos anticorpos da classe IgE, responsáveis pela alergia. Portanto, através de diferentes mecanismos, a imunização exerce um papel imunomodulador com atividade anti-inflamatória.
O especialista administra diversas doses, gradativas, e cada vez mais concentradas, em intervalos regulares durante um longo período, que pode variar de um a cinco anos, até encontrar tolerância clínica desses causadores de alergias em pacientes hipersensíveis, de forma a reduzir os sintomas, após exposição ao alérgeno.
As vacinas sublinguais são tão eficazes quanto as injetáveis e mais seguras por causarem menos reações. A vantagem está no conforto e por permitirem ser administradas em domicílio, não havendo necessidade de deslocamento ao consultório médico como as injetáveis requerem. Sendo assim, é eficaz no tratamento de alergia preferencialmente nas crianças.
Todo paciente alérgico pode recorrer à imunização?
Não exatamente. Existem algumas alergias que não respondem bem ao tratamento com vacinas, como a urticária ou a alergia alimentar. No caso da asma, é necessário cautela também, pois há um risco aumentado de desenvolvimento de reações indesejáveis. Pacientes com asma não controlada ou em crise não devem receber aplicação.
Porém, existem várias alergias que podem ser tratadas com imunização, como as respiratórias (asma e rinite alérgica), alergia ocular (conjuntivite alérgica), alergia a picadas de inseto e dermatite atópica.
Quais são os principais efeitos colaterais da vacina que trata as alergias?
A imunização é um procedimento bastante seguro. Contudo, existe o risco de reações locais e sistêmicas, que podem acontecer na faixa de 0,05% a 4% dos casos. Entre os efeitos adversos leves é possível citar a urticária, rinite ou conjuntivite. Entre as graves, pode ocorrer edema de glote e choque anafilático. No entanto, reações adversas graves são muito raras, estimadas em uma por um milhão.
O mais importante é fazer o tratamento com vacinas sob supervisão de um profissional capacitado e especializado e estar fora do quadro de contraindicações. Pessoas com doenças coronarianas, que usam anti-hipertensivos do tipo betabloqueadores, que tenham asma grave ou não controlada, câncer maligno, imunodeficiências ou doenças autoimunes não devem fazer esse tipo de tratamento.