Tour permite conhecer produção de vinhos no Vale do São Francisco

As águas do Velho Chico não produzem somente energia, mas também vinhos e espumantes de ótimas qualidades

“O sertão vai virar mar, dá no coração… O medo que algum dia o mar também vire sertão”…

Com certeza você já ouviu o refrão acima. Ele é da música “Sobradinho”, da dupla Sá & Guarabyra, lançada em 1977, em protesto contra a construção da Usina Hidrelétrica de Sobradinho, entre o agreste baiano e pernambucano.

Vinícola Terranova oferece tour guiado com direito a degustação
Créditos: Márcio Diniz/Catraca Livre
Vinícola Terranova oferece tour guiado com direito a degustação

De um lado da barragem, o rio São Francisco com suas curvas naturais. Do outro, o maior lago artificial da América Latina, que engoliu cidades como Casa Nova, Remanso, Pilão Arcado e Sento Sé.

Polêmicas à parte, as águas do Velho Chico não produzem somente energia, mas também mangas, uvas, destilados, vinhos jovens e espumantes de ótimas qualidades.

Parreirais da Vinícola Terranova, do Grupo Miolo, na região do Vale do Rio São Francisco, na Bahia
Créditos: Márcio Diniz/Catraca Livre
Parreirais da Vinícola Terranova, do Grupo Miolo, na região do Vale do Rio São Francisco, na Bahia

Sim, em plena caatinga, é possível encontrar parreirais que produzem duas vezes ao ano. Algo único no mundo. Isto é possível graças ao sistema de gotejamento.

A Catraca Livre foi conhecer a Vinícola Terranova, em Casa Nova (BA), no Vale do São Francisco, que pertence ao Grupo Miolo.

Lá são produzidos vinhos brancos (Chenin Blanc e Sauvignon Blanc), tintos (Miolo Single Vineyard Syrah e Testardi) e espumantes (Brut, Brut Rosé e Moscatel), que são servidos na classe Premium nos voos internacionais da Gol.

A Vinícola Terranova fica numa área de 683 hectares –equivale a uma cidade de 30 mil habitantes–, mas apenas 200 são destinados aos parreirais.

Segundo o engenheiro agrônomo Adauto Quirino Júnior, da Miolo, em nenhum outro lugar do mundo é possível ver a planta em todos os seus estágios como na região do Vale do Rio São Francisco
Créditos: Jeovane Cavalcante
Segundo o engenheiro agrônomo Adauto Quirino Júnior, da Miolo, em nenhum outro lugar do mundo é possível ver a planta em todos os seus estágios como na região do Vale do Rio São Francisco

Por estar localizada entre os paralelos 8 e 9, a região recebe 3.100 horas de sol por ano e apenas 400 mm de chuvas por ano. “Quanto mais seco for, melhor é a qualidade da uva”, diz engenheiro agrônomo Adauto Quirino Júnior, responsável pelo processo de irrigação da vinícola.

De acordo com Adauto, o sistema de gotejamento permite reproduzir todas as estações do ano em apenas seis meses –verão, outono, inverno e primavera. Por ano, são produzindo 4 milhões de litros, sendo 2 milhões destinados aos espumantes.

Adriano Miolo, enólogo e superintendente do Grupo Miolo, explica como funciona o sistema de gotejamento
Créditos: Jeovane Cavalcante
Adriano Miolo, enólogo e superintendente do Grupo Miolo, explica como funciona o sistema de gotejamento

A poda do primeiro ciclo ocorre entre dezembro e março. Já a colheita acontece entre abril e agosto.  No segundo ciclo, a poda é feita entre junho e outubro e a colheita entre novembro e fevereiro.

Depois de colhida, as uvas passam por um cuidadoso sistema de maceração e, em seguida, ficam por cerca de 60 dias fermentando até se extrair os vinhos base ou espumante.

Tour pela vinícola

Todo o processo de produção –da colheita ao engarrafamento– pode ser conferido de pertinho. A Vinícola Terranova oferece um tour diário guiado por um enólogo ou sommelier com direito a degustação de alguns rótulos e a possibilidade de comprar vinhos e espumantes com preços bem generosos.

https://www.instagram.com/stories/highlights/17988147223022305/

Tour pela Vinícola Terranova
Onde: BR-235, km 40, distrito de Santana do Sobrado, Casa Nova (BA)
Quando: segunda a sexta, às 9h ou 14h; sábado e domingo somente com agendamento por telefone (74) 3536-1132, (74) 3527-4243 ou (74) 3527-4002 ou e-mail visitaterranova@miolo.com.br.
Quanto: R$ 15 (visitação e degustação e desconto de R$ 5 na compras feitas na loja da vinícola).

Vapor do Vinho

O Vapor do Vinho faz uma parada para o banho na ilha da Fantasia
Créditos: Jeovane Cavalcante
O Vapor do Vinho faz uma parada para o banho na ilha da Fantasia

Agora se você procura uma experiência mais imersiva pelas águas do São Francisco, a pedida é o passeio no Vapor do Vinho.

Por cerca de 6 horas, a embarcação –que faz alusão aos antigos vapores que contribuíram para o desenvolvimento do Nordeste, em especial o Vale do São Francisco, explora a belezas da região.

O passeio custa R$ 160 e inclui transfer, almoço típico, parada para banho na ilha da Fantasia e visita à vinícola Terranova, com degustação de vinho, brandy e espumante. Informações: (87) 98863-5629 ou vapordosaofrancisco.com.

Como chegar

O aeroporto mais próximo da Vinícola Terranova é o de Petrolina (PE). A Gol é a única empresa que faz o trecho Guarulhos-Petrolina sem escalas. O voo decola às 23h05 e chega à 1h35 (de domingo à sexta). Na volta, o voo sai da cidade pernambucana às 4h15 e chegada no aeroporto paulista às 7h (segunda a sábado).

Onde ficar

Interior da suíte Premium do Nobile Del Rio Petrolina
Créditos: Divulgação
Interior da suíte Premium do Nobile Del Rio Petrolina

A dica é se hospedar no Nobile Suites Del Rio Petrolina, o melhor da região.  O hotel oferece amplos e confortáveis apartamentos com 37 m², divididos nas categorias: Superior, Luxo e Premium, além de duas unidades adaptadas para portadores de necessidades especiais.

Todos os apartamentos oferecem mesa de trabalho, TV LCD, internet wi- fi cortesia, ar condicionado, frigobar e secador de cabelo. Destaque para os suítes Luxos e Premium que têm uma espetacular vista para o Rio São Francisco. As diárias custam a partir de R$ 257,40 (reservas antecipadas têm 20% de desconto.

Onde comer

Petrolina
Créditos: Divulgação

A pedida é o restaurante Capivara Petrolina. Localizado na orla de Petrolina, o restaurante tem vista para o Velho Chico. No cardápio massas caseiras, frutos do mar, grelhados e uma boa carta de vinhos, com mais de cem rótulos.

*O jornalista viajou à convite da Vinícola Miolo e da Gol