Vendedora cria versão doce do acarajé e causa polêmica na Bahia
A versão doce da iguaria que é Patrimônio cultural imaterial do Brasil está dividindo opiniões
Uma versão doce do tradicional acarajé está dividindo opiniões na Bahia. A iguaria, que é preparada com feijão fradinho, passou a levar goiabada e açúcar na receita modificada por uma vendedora de Feira de Santana, a 100 km da capital Salvador.
Patrimônio cultural imaterial do Brasil, a versão doce do tradicional bolinho está sendo vendida pela microempreendedora Daniele Paiva há um mês no bairro Sobradinho.
“Sobrou uns bolinhos fritos [de acarajé] e o pessoal já tinha enjoado de comer o tradicional. Tive a ideia de colocar uma goiabada que tinha em casa, passei açúcar e deu certo”, contou.
Em entrevista ao G1, a presidente da Associação Nacional de Baianas de Acarajé (ABAM), Rita Santos, é contra a inovação. Segundo ela, há uma certidão dada pelo Iphan que consta como a receita tradicional é feita e que mudar a forma de fazer é não valorizar a história.
“A gente tem que guardar nossa história, tem que preservar e cuidar, principalmente quem é baiano”, explicou Rita.
O pesquisador, Vagner Rocha, que fez um trabalho de mestrado sobre acarajé, também não concordou com a alteração.
Ele explicou que diante das descaracterizações das vendas de acarajé, há um ofício das baianas que leva em consideração a forma de preparo, os quitutes que compõem o tabuleiro e as vestes típicas.
“É uma comida que traz um legado e uma marca da resistência africana no Brasil”, disse o pesquisador ao G1.