Premiado espetáculo faz passeio musical pela cultura afro-brasileira

Eleito o Melhor Musical Infantil de 2018 pela APCA, Bento Batuca está disponível gratuitamente online

O premiado espetáculo musical infantil Bento Batuca está disponível no YouTube pelo período de um mês. É uma ótima opção de entretenimento paras crianças e suas famílias que se adaptam à nova rotina da quarentena para conter o avanço do novo Coronavírus.

A montagem, eleita como o Melhor Musical Infantil de 2018, pela APCA e Melhor Trilha Musical Original do grupo Os Capoeira, pelo Prêmio São Paulo de Incentivo ao Teatro Infantil e Jovem 2019, valoriza a cultura brasileira por meio da dança, ritmos e sua história.

Espetáculo Musical Infantil Bento Batuca está disponível gratuitamente
Créditos: Soul em Cena
Espetáculo Musical Infantil Bento Batuca está disponível gratuitamente

A gravação disponibilizada no canal oficial da produtora Oficina de Alegria foi realizada em adaptação do espetáculo durante o evento aberto Cultura na Praça, que aconteceu na Praça Rosa Alves da Silva, região da Vila Mariana, em São Paulo, comemorando o dia das crianças de 2019.

O texto assinado por Daniela Cury e Mariana Elisabetsky tem direção de Eduardo Leão e Luciana Ramanzini, além da direção musical do grupo Os Capoeira. No elenco, estão os atores Sidney Santiago Kuanza (Bento), Fernando Oliveira (José Carlos, pai do Bento e Guerreiro Maculelê), Lena Roque (Neide, mãe do Bento e Tia Ciata) e Eric de Oliveira (Mestre Besouro e Maestro Nunes).

Com música comandada pelos percussionistas Contramestre Leandrinho, Heverton Faustino “Bbzão”, Paulinho Percussão, Cauê Silva e Rogério Roggi, o espetáculo Bento Batuca tem repertorio que transita entre cânticos de capoeira e ritmos como frevo, maculelê e samba, além de referências a canções da música nacional, como Suíte dos Pescadores, de Dorival Caymmi. Entre os instrumentos estão atabaques, berimbau, pandeiro, surdos, chocalhos e objetos sonoros.

Musical Bento Batuca

O espetáculo revela uma viagem por São Paulo, Bahia, Pernambuco e Rio de Janeiro, onde Bento vai descobrir ritmos genuinamente oriundos da cultura afro, com personagens que homenageiam figuras emblemáticas, como o Mestre Besouro Mangangá (lendário capoeirista baiano), Guerreiro Maculelê (lenda folclórica brasileira), Maestro Nunes (ícone do frevo pernambucano) e Tia Ciata (influente figura no surgimento do samba).

Bento é um menino sonhador, esperto e curioso, que batuca desde que nasceu, na mamadeira, na chupeta e transformando garfos e colheres em instrumentos de percussão. A cada encontro nessa aventura, Bento Batuca preenche a trouxinha que o acompanha de sons, cores, conhecimento e, a cada lugar que chega, descobre um pouco mais sobre a nossa cultura, a nossa música e sobre si mesmo.

O espetáculo Bento Batuca é uma montagem para toda a família e propõe, por meio da linguagem poética, teatral e musical, enaltecer os ritmos, sons e danças da cultura afro-brasileira. O espetáculo traz uma conscientização sobre a nossa própria história, com lições educativas sobre como enfrentar as dificuldades da vida com coragem.

Personagens Históricos

Mestre Besouro Mangangá

Iniciou seus primeiros passos com Mestre Alípio, também ex-escravo. Diziam que era alto e forte e na capoeira possuía muita agilidade. O que provavelmente fez com que recebesse o apelido de “besouro” ou “besouro mangangá”.

Muitas lendas sobre sua vida. Não suportava injustiças e o preconceito existentes. Era um defensor do povo pobre. Besouro morreu aos 27 anos de idade, no dia 8 de julho de 1924. Suas proezas são lembradas em todas as rodas de capoeira em suas várias cantigas pelos mais antigos mestres da capoeira na Bahia.

Guerreiro Maculelê

Maculelê é uma manifestação cultural oriunda da cidade de Santo Amaro da Purificação – Bahia. É, atualmente, uma expressão teatral que conta, através da dança e dos cânticos, a lenda de um jovem guerreiro, que sozinho conseguiu defender sua tribo de outra tribo rival usando apenas dois pedaços de pau, tornando-se o herói da tribo. É um tipo de dança folclórica brasileira de origem afro-brasileira e indígena.

Maestro Nunes

Um dos ícones do frevo. Músico e arranjador, o Maestro Nunes se formou em Música pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e em Regência pela Faculdade de Filosofia de Recife. Fundou a Escola Musical do Frevo, que tinha como público-alvo os filhos dos presidentes das agremiações carnavalescas e crianças de comunidades de baixa renda.

Compôs mais de 3000 frevos, entre os mais famosos: “Cabelo de Fogo” e “Frevo de Mocotó”. Em 2009 recebeu o título de Patrimônio Vivo de Pernambuco. Morreu em 14 de setembro de 2016.

Tia Ciata

Mãe de santo, quituteira, empreendedora, partideira e figura ímpar na galeria de ouro do samba. Nascida Hilária Batista de Almeida, em 1854, em Santo Amaro da Purificação, no Recôncavo Baiano, ganhou o nome pelo qual ficou conhecida quando foi confirmada no santo, tornando-se então Ciata de Oxum.

A mais famosa das chamadas “tias” baianas, teve um papel preponderante no cenário de surgimento do samba no Rio de Janeiro, no final do século XIX e início do XX.

A casa de Tia Ciata, no Centro do Rio de Janeiro, era a capital da Pequena África. Dos seus frequentadores habituais, que incluíam Pixinguinha, Donga, Heitor dos Prazeres, João da Baiana, Sinhô e Mauro de Almeida, nasceu o samba. A música “Pelo telefone” foi o primeiro samba registrado, no final de 1916, e virou sucesso no carnaval de 1917.