Temporada de ‘Será que estamos?’ uma Performance do “Q?” começa nesta sexta

O VilaMundo é uma iniciativa do Instituto Acqua, em parceria com a Catraca Livre

Começa nesta sexta-feira (16/04) às 20h30, a temporada de ‘Será que estamos?’, uma performance do “Q?”. O evento de dança é gratuito e transmitido no Canal do Youtube do grupo Q?.

A performance é inspirada no trabalho visceral do escultor e performer congolês, Olivier de Sagazan, na série de performance existencial intitulada “Transfiguration”, em que o artista constrói camadas de massa de argila e tinta em seu rosto e corpo para transformar, desfigurar e destruir sua própria figura revelando um humano animalístico que busca fugir do mundo físico.

Com toalhas que escondem a cabeça e os traços do rosto de cada artista, ‘Será que estamos?’ reflete sobre o que é público a partir da face, afinal o rosto possibilita ao ser humano muitas formas de reconhecimento e identidade.

A brincadeira feita pelas crianças em que uma toalha é usada para parecer cabelo comprido é o fio condutor da performance, uma vez que esta ação permite assumir e experimentar uma “mulheridade”, o que passou a ser a tônica da pesquisa artística do “Q?”, questionando as formas humanas de identificação e sua ocupação do espaço público, como lugar de exercício da cidadania.

O ato de pôr a toalha na cabeça pulsiona esta criação e recria possíveis identidades que poderiam ser assumidas, nem todas sociáveis e, por isso, livres de questões identitárias. O mesmo ato dependendo da circunstância é também um sufocamento.

“As toalhas nas cabeças fizeram surgir máscaras dentro de uma lógica de controle similar a que Sagazan experimenta com suas máscaras de argila, criadas por cima de seu rosto. Então temos um trabalho para a imaginação e para a memória, principalmente quando existe um desgoverno em relação ao espaço”,  comenta Renato Vasconcellos.

Na dança feita por Raiz e Vasconcellos a manipulação constante do espaço e do tempo corrobora para o aparecimento de diferentes expressões, sem terem o menor controle delas. A visão impedida ou turva em razão do uso da toalha, que poderia levar a um colapso, é representada como a chance de cura das mais remotas ações de uma infância viada.

“Percebemos que nossas visões, ou a falta delas, não nos ajudam a saber exatamente o lugar que ocupamos no mundo. Alguma identidade, e mesmo as subjetividades, nos parecem armadilhas modernas. Seu produto é o corpo, e caso não queiramos ser vendidos ou tão pouco comprados é necessário estratégias para continuar exercendo um “eu-nós” desatados”, finaliza Vasconcellos.

O processo de criação da performance “Será que estamos?” teve início em 2019, entre experimentações em espaço externo e posteriormente dentro das dependências do CRDSP – Centro de Referência a Dança da Cidade de São Paulo, localizado no Vale do Anhangabaú.

“Será que estamos?” explora as nuances do processo de cada pessoa como indivíduo ao se permitir se perceber genuinamente ou não, em um mundo onde os corpos são governados por muitas decisões arbitrárias, que desrespeitam as nossas necessidades mais íntimas e profundas.

Os vídeos foram gravados no Teatro de Contêiner Mungunzá, seguindo todos os protocolos de segurança, preservando a integridade da equipe.

Sobre o “Q?”

O grupo “Q?” é formado por Renato Vasconcellos e Rodrigo Raiz. Artistas ligados à cena performativa do corpo, principalmente a partir da dança, e se uniram com o interesse em comum de discutir sobre o espaço público e toda sua complexidade política. Ambos tem forte ligação com o ABC Paulista. Rodrigo mora em São Bernardo, é formado pelo CLAC (Centro Livre De Artes Cênicas de São Bernardo) e é professor de dança na região. E Renato é ex professor da Escola Livre de Dança de Santo André.

Bate papo

Além das apresentações do espetáculo, neste sábado(17/04) às 19h, o grupo promove um encontro virtual com artistas da dança e performance que acontecerá pelo Youtube  do grupo de forma gratuita e aberta a todas as pessoas interessadas em participar.

O encontro virtual promovido pelos artistas do Q? contará com a mediação e provocação de Gregory Da Silva Balthazar – Professor Titular do PPED/UNIT e Coordenador do Núcleo Diadorim de Estudos de Gênero, Paula Petreca – Bailarina, professora de movimento, yoga e pesquisadora de História da Dança e Valdirene Garcia Ciola – Coordenadora Pedagógica em escolas infantis da rede pública há 11 anos, com especialização em Linguagens da Arte.

As ações fazem parte do projeto “Flexões do Sujeito: Será que estamos rindo?” contemplado no Edital Proac Expresso Lei Aldir Blanc Nº 37/2020.

Serviço

Gênero: Performance. Dança – Grátis – Classificação Livre

Onde: Canal do Q? no Youtube

Horário: 20:30

Quando: 16, 17 e 18 de abril de 2021 – Sexta-feira, Sábado e Domingo

22, 23 e 24 de abril de 2021– Quinta-feira, Sexta-feira e Sábado

29 e 30 de abril de 2021 – Quinta-feira, Sexta-feira