Startup cria carne de peixe em laboratório

Em parceria com qsocial
05/01/2018 00:10

O atum-rabilho, conhecido no Brasil também como atuarro, é vendido por centenas de dólares para produção de sushi. E, exatamente por conta de seu valor no mercado, o fruto do mar sofre com a sobrepesca e o risco de desaparecimento do ecossistema.

Para preservar o peixe do desenfreado consumo humano, o bioquímico e biólogo molecular Mike Selden, 26 anos, pesquisou uma forma de substituir essa iguaria por uma que não prejudicasse sua espécie. O resultado foi um “atum” composto por células de  músculos azuis, criadas em um banco de laboratório. Ou seja, sem nenhum peixe retirado do mar.

A partir das ideias reunidas neste projeto, Selden e seu colega de faculdade Brian Wyrwas, 25, criaram a startup Finless Foods, em Berkeley, na Califórnia (EUA). A empresa desenvolve cultura celular e engenharia de tecidos para fabricar carne animal sem o sacrifício do animal, de fato.

Mike Selden (na frente) e seu sócio, Brian Wyrwas, trabalham com engenharia de tecidos
Mike Selden (na frente) e seu sócio, Brian Wyrwas, trabalham com engenharia de tecidos

Segundo os bioquímicos, formados pela Universidade de Massachusetts (EUA), o objetivo da pesquisa é dar fim aos problemas ambientais, de saúde e de ética ligados à indústria de criação animal. A população do atum-rabilho no Pacífico, por exemplo, caiu para menos de 3% de seu nível histórico.Além da agressão ambiental, os pesquisadores argumentam que a ingestão de carne animal também contribui para o ser humano criar resistência a antibióticos, uma vez que o medicamento é oferecido a peixes, bois e frangos criados para o abate e, posterior, comercialização.

Clique aqui e conheça o projeto As Melhores Soluções Sustentáveis

A Finless Foods produz carne por meio de células criadas em laboratório
A Finless Foods produz carne por meio de células criadas em laboratório

Apesar de a startup oferecer produtos de alta tecnologia, o projeto desenvolvido pelos jovens bioquímicos esbarra em algumas críticas de mercado: alto custo de produção; equivalência nutricional; e, principalmente, possível continuidade de pesca do atum-rabilho, porque quem compra o peixe, provavelmente, não abrirá mão do sentimento de exclusividade desta iguaria.

Leia também: Filé de frango é produzido sem sacrificar a ave

Curadoria: engenheiro Bernardo Gradin, especialista em soluções sustentáveis.