Como transportar cachorros e gatos de forma segura no carro
Passear de carro com os pets de maneira inadequada pode causar acidentes, além de render multas e pontos na carteira do motorista
Levar o seu companheiro para um passeio de carro pode ser muito prazeroso, mas exige que você conheça algumas regras básicas de transporte de animais em veículos particulares. Embora seja comum ver cães no banco do passageiro curtindo a paisagem com a cabeça para fora da janela, por exemplo, esse tipo de situação é proibida pelo Código Brasileiro de Trânsito.
O problema nem é o fator “ventinho na cara” e, sim, o fato de o animal estar solto no carro. Essa infração coloca em risco a segurança tanto do animalzinho quanto do motorista, que pode se distrair e provocar um acidente, além de gerar multa e perda de pontos na carteira.
De acordo com o DETRAN, em uma colisão a 60 km/h, o peso é multiplicado por 50. Para ter uma ideia, em caso de acidente a essa velocidade, um cachorro de 10 kg pode ser projetado para frente com o peso equivalente a 500 kg.
Embora a lei não tenha nenhuma especificação quanto ao modo correto de transporte, ela detalha a maneira como isso não pode ser feito. De acordo com o artigo 252 do Código Brasileiro de Trânsito, levar o animal entre o banco do motorista e o banco do passageiro, ou entre o banco e a porta, é infração média, com multa de R$ 130,16 e quatro pontos na carteira.
Já transportar o pet na carroceria de caminhonetes ou caminhões é infração grave e pode render multa de R$ 195,23 e cinco pontos no prontuário do condutor. Colocar o animal no porta-malas todo coberto, além de ser inadequado, configura crueldade. “Não é local de transportar animal nenhum. Se a gente não transporta pessoa no porta-malas, a gente também não pode transportar animal ali”, explica a advogada Monica Grimaldi, especializada em legislação de animais e área pet.
Formas seguras de transportar cães e gatos no carro
Uma das formas mais seguras de levar os animais no carro, segundo especialistas, é usando uma caixa de transporte. “Uma caixa adequada é aquela que possibilita que o animal fique de pé e consiga dar uma volta. Isso vale para carro e avião”, afirma Grimaldi.
Essa opção da caixa é a única apropriada quando o assunto é o transporte de gatos, que não gostam muito de mudanças repentinas e ambientes diferentes do que já estão acostumados. Além de comportá-los bem e evitar acidentes, a caixa de transporte impede possíveis fugas.
Só é preciso bastante cuidado na hora de comportá-los na caixa. Nunca faça isso na rua ou em ambientes abertos com rotas de fuga. Se o gato se assustar com algum barulho, por exemplo, pode sair correndo pela rua e o risco de acidentes é muito alto. Acredite, eles são muito rápidos e isso pode acontecer em questão de 1 segundo de descuido!
Uma dica importante é deixá-los se acostumarem com a caixa dias antes do uso. Procure fazer com que associem aquele objeto como um porto seguro e não o vejam como algo ruim. Pode ser uma boa ideia deixar petiscos lá dentro para que entrem para comer.
Caso o gatinho não entre voluntariamente, existe uma técnica para colocá-lo lá dentro da caixa de transporte. O ideal é pegar o gato pelo dorso com uma mão e, com a outra, segurar as patas de trás para ele não arranhar e não usá-las para fugir.
Então, deve-se colocar primeiro o rostinho do gato pra dentro e só soltar as mãos quando quase todo o corpo dele já estiver lá dentro. Na sequência, é só fechar a porta rapidamente e usar a trava para garantir total segurança. Dessa forma, até ele girar o corpo, a porta já estará fechada.
Além da caixa de transporte, os cães ainda possuem outra opção segura: um cinto peitoral vendido em lojas especializadas para pets. A lógica é a mesma que nos leva a usar o cinto de segurança do carro: proteger e evitar que se machuquem em casos de acidentes. Se nós precisamos, eles também precisam!
O cinto peitoral é acolchoado e possui um engate que é fixado na trava do cinto de segurança do carro. Dessa forma, ele limita a movimentação do animal no veículo e impede que – em acidentes – o cão seja lançado para frente. Há opções tanto para cães de médio quanto de grande porte.
É importante dizer que aquele hábito improvisado de prender a coleira do cachorro no cinto de segurança do veículo é extremamente perigoso, já que, em uma freada brusca, ela pode estrangular o animal.
Também existe no mercado para pets uma cadeirinha que é encaixada no encosto de cabeça do banco traseiro. O cãozinho, que neste caso deve ser de pequeno porte, vai no interior dessa cadeira, que prende o peitoral do animalzinho para ele não pular. O cinto de segurança do veículo ainda a fixa ao banco, aumentando ainda mais a segurança.
Outro cuidado extremamente importante que os tutores devem ter ao passear de carro com seu pet é jamais deixá-lo sozinho no veículo para resolver alguma coisa, nem que seja por 5 minutos. Esse ato pode ter consequências gravíssimas e, muitas vezes, ser fatal. “O calor e a falta de ar fazem o animal entrar em desidratação e hipertermia, e ele pode morrer muito rapidamente”, alerta a veterinária Graciela Mendes. Isso é especialmente perigoso para os cães braquicefálicos, como os buldogues, shitzu e pugs, por exemplo, que possuem o nariz achatado.
Isso acontece porque o cão não transpira como os humanos. “A forma deles de trocar calor é pela língua, respirando de forma rápida e ofegante e, em um lugar fechado, essa respiração ficará comprometida”, explica.
Caso você se depare com esta cena na rua e identifique uma situação real de perigo, em que o animal esteja precisando de socorro, a advogada em direitos dos animais orienta fotografar a cena, quebrar os vidros, retirar o animal do carro e, em seguida, chamar a polícia. “É um caso de necessidade para evitar um crime de crueldade”, explica Mônica. “Acho muito importante todos entenderem que animal é uma vida, precisamos tratá-lo com dignidade e respeito”, completa.