Aluno da FGV suspenso por racismo poderá voltar à faculdade

As informações são do BuzzFeed News

Foto compartilhada pelo aluno em um grupo de WhatsApp

aluno de administração de empresas da FGV-SP, que havia sido suspenso da faculdade e indiciado pela Polícia Civil por racismo, conseguiu na Justiça o direito de voltar às aulas, de acordo com informações apuradas pelo repórter Chico Felitti, do BuzzFeed News.

Em março, o jovem compartilhou em um grupo de WhatsApp uma foto de um colega negro com a seguinte mensagem: “achei esse escravo no fumódromo! Quem for o dono avisa!”. Após a suspensão, o estudante entrou com um mandado de segurança na 25ª Vara Cível Federal de São Paulo para restabelecer seu vínculo com a instituição. Ele alegou que seu direito de defesa não foi cumprido no processo de suspensão de acordo com o regimento da escola.

O documento afirma que “em um lapso de menos de 72 (setenta e duas) horas” a faculdade “aplicou a sanção de suspensão, que, ato contínuo, começou a ser cumprida, sem qualquer menção, inclusive, à possibilidade de interposição de recurso”.

O caso tornou-se público em 7 de março e, depois de um dia, o aluno foi punido com uma suspensão de 90 dias, na qual não poderia frequentar aulas e fazer provas. No entanto, agora, o estudante diz que o celular usado era seu, mas havia sido roubado antes do ato racista, em novembro de 2017. Na ocasião, ele chegou a assinar uma confissão.

Leia a reportagem na íntegra.

Relembre o caso

Em um grupo da faculdade no Facebook, a vítima de racismo contou que foi chamada pela Coordenação de Administração Pública no dia 6 de março e informada que um aluno do 4º semestre do curso de Administração de Empresas compartilhou a foto.

“Porque não foi falar na minha cara? Mas você optou pela atitude covarde de tirar uma foto minha e jogar no grupo dos amiguinhos. Se seu intuito foi fazer uma piada, definitivamente você não tem esse dom. Acha que aqui não é lugar de preto? Saiba que muito antes de você pensar em prestar FGV eu já caminhava por esses corredores. Se você me conhecesse, não teria se atrevido. O que você fez além de imoral é crime! As providências legais já foram tomadas e você pagará pelos seus atos”, afirmou o rapaz no post.

“Não descansarei até você ser expulso dessa faculdade. Pessoas como você não devem e nem podem ter um diploma da Fundação Getulio Vargas. A mensagem é curta e direta. Mas serve para qualquer outrx racista da Fundação. Não passará!”, continuou.

Na ocasião, a FGV emitiu um comunicado oficial e disse que diante de “possível conotação racista da ofensa aplicou severa punição ao ofensor, que foi suspenso por três meses”. Em nota, o Diretório Acadêmico Getúlio Vargas informou que uma carta de denúncia será apresentada à Congregação, órgão colegiado capaz de deliberar a respeito da expulsão do estudante.

O coletivo negro 20 de Novembro FGV também pediu “basta de preconceito“. Leia abaixo:

“Negros e negras são minoria nas prestigiadas instituições de ensino superior. Homens negros são a maior parte da população carcerária do país. Mulheres negras sofrem duas vezes mais com o feminicídio do que mulheres brancas. Crianças negras são a grande maioria do corpo discente do péssimo ensino público. LGBTSs negros fazem parte de uma das populações mais vulneráveis para o desenvolvimento de doenças mentais. Sendo assim, o coletivo 20 de novembro se levanta e diz: Basta!”.

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