Ativista cria abaixo-assinado para gata voltar a usar canabidiol
Gata foi a primeira no Brasil a usar substância para controlar convulsões
Há dois anos a protetora dos animais Simone Gatto resgatou Denise, uma gatinha idosa e com diversos problemas de saúde. Acompanhada por equipes do núcleo de tratamento da dor da Universidade de São Paulo (USP), Denise tornou-se, em agosto, o primeiro animal no Brasil a testar tratamento com uso do canabidiol (CBD), praticamente zerando as convulsões e aliviando as dores constantes. Há dois meses, entretanto, Simone foi surpreendida com a notícia de que o laboratório que fornecia a substância foi impedido de comercializá-la.
Segundo a ativista pela causa animal, que tem 11 bichinhos de estimação, sendo cinco deles com deficiência, a suspensão cautelar da distribuição do remédio se deu por um equívoco. Uma denúncia sobre a venda do canabidiol na farmácia onde Simone comprava a substância foi feita anonimamente ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) informando que o estabelecimento estava comercializando substância proscrita no país.
Porém, conforme explica a protetora dos animais, não havia qualquer irregularidade no fornecimento, já que o CDB não é proibido. Além disso, ainda não há no Brasil uma regulamentação específica para o uso da substância com fins veterinários.
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Gata tetraplégica será 1ª a testar tratamento com canabidiol no Brasil
Com medo do risco de ter que interromper o tratamento de sua gatinha, Simone criou um abaixo-assinado na plataforma Change.org pedindo a liberação da venda do canabidiol. Denise já tem 15 anos e sofre com artrite, artrose, hérnia de disco, bico de papagaio, polirradiculite (inflamação que causa fraqueza muscular), hiperestesia (excesso de sensibilidade à dor) e ainda tem a coluna quebrada em oito lugares. A ativista comenta que o CBD foi a única substância capaz de proporcionar qualidade de vida ao animalzinho.
“Eu fiquei surpresa com o resultado. Em três dias que a Denise estava tomando seis gotas de canabidiol, as convulsões diminuíram consideravelmente. De 7 a 8 convulsões ao dia, hoje a Denise tem uma, duas, e olhe lá, pois são muito leves e às vezes ela não tem nenhuma. A minha satisfação em poder dar para o meu animal o tratamento que ele merece não tem preço”, ressalta Simone. A gatinha precisa de seis gotas do medicamento diariamente.
Antes do CBD, Denise chegava a tomar cerca de oito remédios diferentes por dia, para tentar diminuir as convulsões e aliviar as dores, porém, o tratamento não era suficiente. Com o uso do canabidiol, os demais medicamentos começaram a ser retirados gradativamente. Além da petição online, que já coletou mais de 67 mil assinaturas, Simone informou que entrará com uma ação na Justiça para conseguir uma liminar que libere o medicamento.
Por precaução, o Ministério da Agricultura suspendeu temporariamente a comercialização do canabidiol até que a farmácia forneça os esclarecimentos necessários. O processo administrativo, entretanto, pode se estender por tempo indeterminado. Até que a liberação ocorra, Simone empreende uma batalha para dar continuidade ao tratamento da gata. Recentemente, conseguiu obter a substância com uma ONG, porém em sua forma pura.
Em defesa dos animais
Simone é uma ferrenha defensora dos direitos dos animais. Esta é a terceira campanha que ela lidera em benefício dos pets por meio de abaixo-assinados na Change.org. O primeiro, que acumula 58 mil assinaturas, luta pelo direito de poder transportar animais domésticos em tempo integral nos ônibus municipais de São Paulo. Já o segundo, que passa de 105 mil apoiadores, pede a aprovação do Projeto de Lei federal 9235/2017.
O PL permite que o trabalhador tenha direito a uma falta justificada quando necessitar se ausentar do serviço para acompanhar seu pet em consulta veterinária de emergência.
Além das três campanhas, a ativista também atuou em uma mobilização vitoriosa. Simone uniu forças com o empresário Rogério Nagai para pressionar o Governo de São Paulo a liberar o transporte de cãezinhos e gatinhos nos trens, metrôs e ônibus intermunicipais. A atuação de Simone, que participou de inúmeras audiências e até acampou na porta da Assembleia Legislativa com um de seus gatos, fez com que os deputados aprovassem um PL sobre o tema, que posteriormente transformou-se em uma lei sancionada pelo poder executivo.
“Eu fui a primeira proprietária que entrou na justiça para conseguir o direito de levar os meus animais no transporte público”, comenta Simone, que também é dona do gato Paçoca, um verdadeiro símbolo da luta pelos direitos dos animais. O gatinho, que assim como Denise é paraplégico, tem mais de 3,8 mil seguidores no Instagram e dá cara a inúmeras campanhas. Veja.