Entenda as polêmicas que fizeram Weintraub deixar o MEC

O ex-ministro anunciou sua saída da Pasta nesta quinta-feira, 18, em um vídeo ao lado do presidente Jair Bolsonaro

Weintraub teve uma trajetória no MEC marcada por polêmicas
Créditos: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Weintraub teve uma trajetória no MEC marcada por polêmicas

Abraham Weintraub não é mais ministro da Educação. Ele anunciou sua saída do governo, na tarde desta quinta-feira, 18, por meio de um vídeo em que aparece ao lado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). O nome do substituto ainda não foi informado.

“Neste momento, eu não quero discutir os motivos da minha saída, não cabe. O importante é dizer que eu recebi o convite para ser diretor de um banco. Já fui diretor de um banco no passado. Volto ao mesmo cargo, porém no Banco Mundial”, disse o ex-ministro na gravação.

A trajetória do ex-ministro foi marcada por inúmeras polêmicas e projetos parados, sendo considerado por muitos como o pior da história a comandar a Pasta.

Assista ao vídeo do anúncio da saída:

Entenda o que levou à saída de Weintraub do MEC

Weintraub assumiu a chefia do Ministério da Educação (MEC) em abril de 2019, ficando no posto por um ano e dois meses. Ele ocupou o cargo de Ricardo Vélez Rodríguez e acumulou desafetos e disputas públicas com diversos grupos sociais – entre eles, a comunidade judaica e a representação da China no Brasil –, além de defender a prisão dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), em reunião ministerial do dia 22 de abril.

Nesta última polêmica, Weintraub chamou os ministros do STF de “vagabundos”. “A gente tá perdendo a luta pela liberdade. É isso que o povo tá gritando. Não tá gritando pra ter mais Estado, pra ter mais projetos, pra ter mais… o povo tá gritando por liberdade, ponto. Eu acho que é isso que a gente tá perdendo, tá perdendo mesmo. A ge… o povo tá querendo ver o que me trouxe até aqui. Eu, por mim, botava esses vagabundos todos na cadeia. Começando no STF”, declarou.

O vídeo da reunião foi divulgado em meio ao inquérito que apura a interferência de Bolsonaro na Polícia Federal. O ministro do STF, Celso de Mello, relator da investigação, declarou que é possível analisar crime de injúria por parte de Weintraub. Em consequência, ele enviou ofício aos membros da Corte.

O ex-ministro da Educação foi citado em outro inquérito no Supremo por causa da declarações feitas na reunião ministerial: o que investiga esquemas de disseminação de fake news e ofensas a ministros do STF e demais autoridades.

Relator dessa investigação, o ministro Alexandre de Moraes determinou que Weintraub fosse ouvido sobre a fala. No entanto, quando uma equipe da PF foi à sede do MEC, ele usou o direito de ficar em silêncio, garantido pela Constituição.

O pedido do ministro da Justiça, André Mendonça, para que o então chefe da Educação fosse excluído desse inquérito foi rejeitado nesta quarta-feira, 17, em votação no plenário virtual do STF.

Em outro inquérito no STF, Weintraub é investigado por suposto crime de racismo cometido contra a população chinesa. O relator Celso de Mello intimou o então ministro a depor, mas ele apenas entregou uma manifestação por escrito.

Em abril, ele fez uma publicação e insinuou que a China poderia estar se beneficiando, de propósito, da crise causada pelo novo coronavírus. No post, que foi apagado logo depois, ele ridicularizou o sotaque com que alguns chineses falam português.