Felipe Neto é acusado de transfobia por causa de vídeo polêmico

Em um vídeo postado em sua conta no Youtube, o influenciador tentou adivinhar a identidade de gênero de algumas pessoas olhando apenas fotografias

Felipe Neto negou ter produzido conteúdo transfóbico
Créditos: Reprodução/YouTube
Felipe Neto negou ter produzido conteúdo transfóbico

O youtuber brasileiro Felipe Neto, um dos mais famosos da plataforma de streamings, causou polêmica por causa de um vídeo considerado transfóbico, em que ele tenta adivinhar se as pessoas “nasceram homem ou mulher”.

O vídeo foi postado no último domingo, 9, em seu canal no YouTube que conta com mais de 25 milhões de inscritos. Até o início da tarde desta quarta-feira, 12, a publicação já contabilizava quase dois milhões de visualizações.

Na “brincadeira” que o influenciador digital nomeou como “teste de conhecimento”, Felipe tenta adivinhar a identidade de gênero de algumas pessoas, olhando apenas fotografias. Ele salienta que está falando apenas de “sexo biológico” e que não pretende causar “reboliço”.

Em alguns trechos, o youtuber reage com comentários transfóbicos, do tipo: “Se for um homem eu vou ficar bolado porque eu achei atraente” e “parece um homem que tem pepeca”.

Depois da repercussão do vídeo, outros influenciadores assumidamente transgêneros, repudiaram a “brincadeira” de Felipe Neto.

Em sua conta na plataforma, Thiessita se manifestou afirmando estar “decepcionada” com a atitude do famoso. Ainda, ela disse que o conteúdo “é muito errado” e que “reforça a transfobia”.

A justificativa de Felipe Neto

Por meio de sua assessoria de imprensa, Felipe Neto se manifestou afirmando que “em nenhum momento o vídeo tratava-se de pessoas transexuais ou homossexuais”.

“Tratava-se de um jogo baseado em questionar se alguém era de fato uma mulher ou homem, ou se era alguém que parecia uma mulher ou homem, fosse com maquiagem, produção ou por mera semelhança, e não por serem transexuais”.

Neto ressaltou ainda seu comprometimento em “defender os direitos da comunidade LGBT e lutar contra a transfobia e outras formas de preconceito”.

“O youtuber, inclusive, já participou de um debate público com Marco Feliciano [deputado federal pelo PSC-SP] sobre o tema e tem diversos vídeos publicados condenando todo tipo de preconceito contra a comunidade LGBT”, diz o comunicado.

Transfobia

O Brasil é o país que mais mata travestis e transexuais no mundo, de acordo com dados da ONG Transgender Europe. O reflexo de tamanha violência é refletido na baixa expectativa de vida dessas pessoas no país: 35 anos contra a média nacional, que é de 75.

Dados do Grupo Gay da Bahia (GGB) apontou que, em 2016, foram registrados 127 homicídios motivados por transfobia no Brasil, uma média de 1 vida ceifada a cada 3 dias.

Já em 2017, a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) registrou 179 assassinatos de travestis e transexuais, o maior resultado dos últimos 10 anos. Em ambos os cenários, é oportuno ressaltar que os números se referem, principalmente, aos casos que ganham notoriedade na imprensa ou redes sociais, o que significa que esse resultado pode ser maior.

No tocante a 2018, a Antra liberou um relatório sobre a morte de transgêneros no país no primeiro semestre deste ano, totalizando 86 casos de vítimas fatais, mortas em decorrência da transfobia.

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