Movimento quer garantir renda mínima a catadores durante pandemia

A campanha foi criada pela ONG Pimp My Carroça, que atua para aumentar a visibilidade dos catadores de materiais recicláveis

13/04/2020 13:36

O Pimp My Carroça é um movimento que atua desde 2012 com catadores de recicláveis
O Pimp My Carroça é um movimento que atua desde 2012 com catadores de recicláveis - Reprodução / Pimp My Carroça

O isolamento social recomendado pelas organizações de saúde para conter a pandemia do novo coronavírus não é a realidade de muitos brasileiros, como os catadores de recicláveis. Para esse grupo, sua renda mensal depende basicamente do quanto de material conseguem coletar diariamente pelas ruas das cidades.

Foi em meio a essa situação que o movimento Pimp My Carroça criou uma campanha de financiamento coletivo com o objetivo de garantir uma renda mínima básica aos catadores. Assim, eles poderão ficar em casa e se prevenir contra a covid-19, doença causada pelo vírus. Para colaborar, clique aqui.

O valor alcançado será distribuído entre os quase 3 mil catadores autônomos cadastrados no aplicativo Cataki, plataforma criada pelo Pimp My Carroça para conectar esses trabalhadores com as pessoas que produzem os resíduos recicláveis e entulho, dando a destinação ambientalmente correta a esses materiais.

Para Mundano, idealizador do Pimp My Carroça, a proteção dos catadores é de extrema importância. “O trabalho dos profissionais da reciclagem sempre beneficiou a todos nós. Por isso, eu considero extremamente covarde a postura de, especialmente nesse momento, a gente cruzar os braços e se conformar com nossos privilégios”, aponta.

“É hora de demonstrar solidariedade com quem mais faz pela reciclagem e pelo meio ambiente no Brasil. Se cada um doar um pouquinho — e divulgar muito! — a gente consegue, ao mesmo tempo, proteger tanto a saúde quanto a renda deles”, completa.

Pimp My Carroça e Cataki

O Pimp My Carroça é um movimento que atua desde 2012 para tirar os catadores de materiais recicláveis da invisibilidade e aumentar sua renda por meio da arte, sensibilização, tecnologia e participação coletiva.

Desde o seu início, mais de 2 mil catadores foram atendidos, mobilizando cerca de 1.200 grafiteiros e aproximadamente de 2.500 voluntários — além de 23 cooperativas que receberam mutirões de pintura. As ações do projeto foram replicadas em cerca de 50 cidades de 14 países diferentes, como Colômbia, Argentina, Estados Unidos e Marrocos.

Lançado em 2017 pela ONG, o Cataki é o aplicativo que faz a conexão direta entre o gerador de resíduos e o catador de materiais recicláveis.

O app adaptou seu objetivo por conta do coronavírus: enquanto a pandemia durar, a ideia é que os usuários do Cataki utilizem a plataforma não para solicitar coletas de reciclagem, mas sim para realizar doações de dinheiro, kits de higiene e alimentos pros catadores.



Cestas básicas a catadores

Outra campanha de financiamento coletivo foi criada para arrecadar recursos para compra de cestas básicas a catadores e catadoras de cooperativas de reciclagem. Confira o link da vaquinha.

“Somos cerca de 750 famílias na cidade de São Paulo, organizados cerca de 30 grupos que trabalham coletivamente, que dividem de maneira igual os resultados do reaproveitamento dos recicláveis em regime cooperativista”, ressalta a iniciativa.