Na ONU, Bolsonaro fala em ‘tolerância zero com crime ambiental’ e ‘combate à cristofobia’

O presidente também buscou se eximir de todas as responsabilidades a respeito da crise do novo coronavírus, que já matou mais de 137 mil brasileiros

22/09/2020 11:23 / Atualizado em 28/09/2020 21:51

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) abriu, nesta terça-feira, 22, os discursos da 75ª Assembleia Geral da ONU (Organizações das Nações Unidas). A comunidade internacional estava ansiosa por algumas justificativas de Bolsonaro com relação à crise da gestão da pandemia do novo coronavírus, já que o Brasil é o segundo país com o maior número de mortes por covid-19, e também sobre as queimadas que atingem a Amazônia e o pantanal.

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Sem surpresas, Bolsonaro afirmou ter “tolerância zero com crime ambiental”, apesar do que os dados do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Ambientais) mostram sobre a aceleração das queimadas no Norte e Centro-Oeste do Brasil. O presidente disse que há interesses da comunidade internacional sobre a Amazônia brasileira.

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Bolsonaro na ONU: tolerância zero à crime ambiental e combate à cristofobia são os destaques
Bolsonaro na ONU: tolerância zero à crime ambiental e combate à cristofobia são os destaques - reprodução/TV Brasil

“Somos vítimas de uma das mais brutais campanhas de desinformação sobre a Amazônia e o Pantanal. A Amazônia brasileira é riquíssima, e isso explica o apoio de instituições internacionais a essa campanha escorada em interesses escusos, que se unem a associações brasileiras aproveitadoras e impatrióticas, com o objetivo de prejudicar o governo e o próprio Brasil”, disse.

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Bolsonaro também responsabilizou os próprios índios pelas queimadas que tomam a região, e disse que o Brasil age no combate aos crimes ambientais. “Nossa floresta é úmida, e não permite a propagação do fogo em seu interior. Os incêndios acontecem praticamente nos mesmos lugares, no entorno leste da floresta, onde o caboclo e o índio queimam seus ossados em busca de sua sobrevivência, em áreas já desmatadas. Os focos criminosos são combatidos com rigor, em determinação. Mantenho minha política de tolerância zero com crime ambiental.”, afirmou.

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Sobre a crise do novo coronavírus, que já matou mais de 137 mil brasileiros, Bolsonaro se eximiu das responsabilidades e atacou os governadores. “Desde o princípio alertei em meu país que tínhamos dois problemas para resolver: o vírus e o desemprego. Por decisão judicial, todas as medidas de isolamento e restrições de liberdade foram delegadas a cada um dos 27 governadores. Ao presidente, coube envio de recursos a todo o país”, disse.

Na ONU, Bolsonaro ainda fez questão de ressaltar que o Brasil é um modelo das garantias dos direitos humanos. “Não é só no campo da preservação ambiental que o país se destaca. No campo humanitário e dos direitos humanos o Brasil vem sendo referência internacional pelo compromisso e apoio prestados aos refugiados venezuelanos”, disse.

Ao encerrar seu discurso, Bolsonaro fez um apelo ao que chamou de “cristofobia”: “A liberdade é o bem maior da humanidade. Faço um apelo à toda comunidade internacional: pela liberdade religiosa e pelo combate à cristofobia. O Brasil é um país cristão e conservador, e tem na família a sua base. Deus abençoe a todos”, concluiu o presidente.

Você pode assistir ao discurso de Bolsonaro no vídeo abaixo:

Discurso de 2019

Para a abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) de 2019, o presidente Jair Bolsonaro fez críticas duras à Venezuela, a Cuba, à França, defendeu a soberania quanto à Amazônia e afirmou ser mentira da imprensa nacional e mundial que o bioma esteja sendo devastado.

Dizendo ter “compromisso solene” com a preservação ambiental, Bolsonaro classificou a cobertura da imprensa internacional sobre os incêndios recordes da Amazônia como “sensacionalista”. Segundo ele, é “falácia” dizer que o bioma é patrimônio da humanidade.

O cacique Raoni Metuktire, conhecido internacionalmente, também foi alvo do presidente, pois ele não representaria todos os povos indígenas e apresentou a indígena Ysani Kalapalo como uma alternativa à defesa dos “nativos”. Relembre: