Novela da Globo falará sobre tortura na semana da eleição
Um dos candidatos à presidência, Jair Bolsonaro (PSL-RJ), é declaradamente a favor da tortura e da ditadura militar
A atual novela das 21h da TV Globo, “Segundo Sol”, abordará um tema polêmico e que tem sido recorrente no país nos últimos meses: tortura na época da ditadura militar.
De acordo com informações do colunista Daniel Castro, do site “Notícias da TV”, na cena que irá ao ar na semana do primeiro turno das eleições, Laureta (Adriana Esteves) relembrará seu faz-tudo, Galdino (Narcival Rubens), que ele a estuprou na época do regime militar no país.
Na iminência de matar seu algoz, Laureta terá um bate-papo revelador com Galdino, contará que seu pai foi um preso político e que ela foi estuprada ainda na adolescência, não apenas por Galdino, mas como “seus amigos torturadores”.
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“Realmente, você deve. Ainda mais considerando que eu lhe estendi a mão quando devia ter lhe cravado uma faca no coração, porque você não só me estuprou como me obrigava a satisfazer os desejos dos seus coleguinhas que viviam na casa dos horrores, aqueles torturadores, todos uns monstros, assustadores”, dirá Laureta.
“E eu, quase uma criança, filha de um preso político”, completará a personagem, que, mais adianta, chamará Galdino de “o maior e mais temido torturador do regime militar”.
Tortura e eleições
O tema tortura e ditadura militar tem sido bastante comentado durante a campanha de políticos para as eleições 2018, sobretudo pela presença de Jair Bolsonaro (PSL-RJ) no pleito presidencial. Como é de conhecimento público, Bolsonaro é um apoiador declarado do regime militar, inclusive favorável às práticas de tortura praticadas no período que durou 21 anos – de 1964 (quando se instaurou o golpe militar) até 1985 (quando a democracia foi restaurada no país).
Dados da Comissão da Verdade apontam que centenas de brasileiros foram mortos por se oporem à ditadura, outras centenas foram dados como desaparecidos e muito mais foram vítimas de práticas de torturas inimagináveis e desumanas.
Entre os presos políticos estavam militantes de esquerda, membros ligados a partidos com ideologia comunista, estudantes, ou qualquer um que se opusesse à tirania dos generais. Ainda segundo a Comissão da Verdade, os militares perseguiam e consideravam um agravante os presos cuja orientação sexual fosse homossexual.
Embora não houvesse uma política oficial do Estado para exterminais gays, a orientação sexual era considerada um agravante para os presos políticos.
Entre os torturadores mais famosos na época, sobrepõe-se aos demais Carlos Alberto Brilhante Ustra, homem que é tido por Jair Bolsonaro como seu ídolo. Aliás, o ex-deputado já revelou que seu livro de cabeceira é “A Verdade Sufocada – A história que a esquerda não quer que o Brasil conheça”, uma obra escrita por Ustra.
Ainda, no dia do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, Bolsonaro saldou Brilhante Ustra, o homem responsável por torturar Dilma na época da ditadura, quando a petista se tornou uma presa política, por se manifestar contra o regime vigente.