Projeto transforma denúncias de abuso sexual em relatos literários

O projeto "Pode Gritar" quer dar voz às pessoas que sofreram violência sexual

05/05/2016 11:49

“Te desprezo pela noite em que, oferecendo uma carona após o trabalho, você me levou para a Praça Pôr-do-sol, desligou o motor do carro, enfiou a mão debaixo da minha saia e, quando eu ameacei gritar, você disse: ‘Pode gritar, ninguém vai te ouvir’. Eu gritei. E ninguém me ouviu. Até hoje essa frase me causa arrepios”.

O relato acima compõe o projeto sem fins lucrativos “Pode Gritar” que usa a literatura para dar voz às vítimas de abusos sexual. Criado em 2015 pela escritora paulista Nurit Masijah Gil e pelo autor carioca Robertson Frizero, a iniciativa transforma depoimentos de homens e mulheres que sofreram assédio em narrativas literárias.

Os relatos literários são divulgados nas redes sociais do projeto
Os relatos literários são divulgados nas redes sociais do projeto

Com o auxílio de escritores convidados, o projeto reescreve os relatos enviados, de forma anônima, como ferramenta de denúncia e superação para as vítimas. O objetivo é fortalecer a união e expor a violência sexual, ajudando as pessoas que tiveram a palavra “roubada” por seus agressores.

“Pode gritar, porque aqui nós te ouviremos, aqui tua dor é importante, aqui há quem te ouça e te abrace, há quem te compreenda e não quer, jamais, que sua voz se cale”, diz a descrição do site. Após a reescrita, os relatos literários são publicados no site da iniciativa e também no Facebook e Instagram.

Veja como participar do projeto:

  1. Envie um e-mail com seu relato para [email protected];
  2. A equipe vai ler a história e, caso esteja dentro da proposta, enviará um e-mail com contrato que deverá ser assinado e retornado digitalmente;
  3. Seu relato será reescrito por um dos organizadores ou por um escritor convidado especialmente. Em seguida, a história será publicada na homepage do projeto;
  4. O título será sempre a frase mais marcante pronunciada pelo abusador e é esta que será divulgada nas mídias sociais na ocasião da publicação (Facebook e Instagram);
  5. As identidades da vítima e do abusador serão omitidas por questões de segurança. Lembramos que nosso objetivo é acolher, dar voz, encorajar e denunciar uma situação que lamentavelmente ainda ocorre em nossa sociedade.