‘Racismo tirou quem eu mais amava’, diz pai de homem morto no Carrefour
João Batista Rodrigues Freitas, de 65 anos, pediu justiça por seu filho assassinado
João Batista Rodrigues Freitas, de 65 anos, pai de João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos, pai do homem morto no estacionamento do supermercado Carrefour Passo D’Areia, na zona norte de Porto Alegre, na quinta-feira, 19, véspera do Dia da Consciência Negra, lamentou a morte de seu filho nesta sexta-feira, 20.
“Estou me sentindo abatido. Perdi a pessoa que mais amava. Amava minha mulher, que perdi há seis anos. Agora perdi meu filho. Tínhamos uma amizade de pai e filho, nos respeitávamos”, disse o pai de João Alberto que foi assassinado no Carrefour o em Porto Alegre, para a Folha de S. Paulo.
“Nós esperamos por Justiça. As únicas coisas que podemos esperar é por Deus e pela justiça. Não há mais o que fazer. Meu filho não vai mais voltar”, disse o pai de João Alberto, o homem negro morto na véspera do Dia da Consciência Negra, ao Estadão.
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Segundo ele, enquanto estava sendo agredido no Carrefour, seu filho tentou pedir socorro à mulher, Milena Borges Alves. “Ela me contou que o segurança apertou o meu filho contra o chão, e ele já estava roxo. Fazia sinal com a mão para ela fazer alguma coisa, tirar o cara de cima e um outro segurança empurrou a Milena.”
João Batista ainda falou que o assassinato do seu filho “foi um episódio de racismo”. “Basta ver a força da agressão. Primeira coisa que perguntei foi: Ele estava roubando? Se não estava, por que ser agredido? E por que ser agredido brutalmente pelos seguranças? Aliás, não posso chamá-los de seguranças porque isso desmerece os profissionais que são seguranças de verdade”, afirmou.
Mais cedo, o segurança Flávio Chaves, de 46 anos, amigo do homem negro assassinado no Carrefour, contou que Beto, como era conhecido, era respeitoso e querido na comunidade em que moravam.
“Ele era preto, pobre e morador de favela, mas era um homem que a comunidade amava. Andava sempre tomando uma cervejinha à noite, às vezes com a ‘patroa’ dele. Era um homem respeitoso, e a comunidade gostava dele por isso. Abraçava todo mundo com alegria e entusiasmo”, disse Flávio.
O sepultamento está marcado para as 16h desta sexta-feira, 20, no Cemitério São João, no IAPI, também na zona norte da capital do Rio Grande do Sul. O Dia da Consciência Negra não é feriado no Rio Grande do Sul.
Racismo é crime!
Cenas como essa que acabamos de ver ainda é muito comum no Brasil, infelizmente. Uma forma de conter o avanço do racismo no Brasil é sempre denunciar o agressor. Afinal, racismo é crime previsto pela Lei 7.716/89.
A denúncia pode ser feita tanto pela internet, quanto em delegacias comuns e nas que prestam serviços direcionados a crimes raciais, como as Delegacias de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), que funcionam em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Veja aqui como denunciar casos de racismo.