Se tiver abusado de prerrogativa, Weintraub pode ser deportado dos EUA
Governo dos Estados Unidos fechou as fronteiras para brasileiros por causa da Covid-19, mas funcionário do governo ainda podem entrar
Exonerado do ministério da Educação no sábado, 20, Abraham Weintraub viajou para os Estados Unidos na última sexta-feira, horas antes de deixar de ser funcionário do governo federal. Nos EUA, a entrada de brasileiros é permitida apenas com passaporte diplomático. Se ficar provado que houve abuso da prerrogativa, o ex-ministro pode ser deportado.
Exonerado do ministério da Educação no sábado, 20, Abraham Weintraub viajou para os Estados Unidos na última sexta-feira, horas antes de deixar de ser funcionário do governo federal. Nos EUA, a entrada de brasileiros é permitida apenas com passaporte diplomático. Se ficar provado que houve abuso da prerrogativa, o ex-ministro pode ser deportado.
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Segundo a norma, quem usar “a aplicação dessa proclamação através de fraude, deturpação intencional de um fato material ou entrada ilegal serão prioridades na remoção pelo Departamento de Segurança Interna.”
Não foi divulgado qual passaporte foi usado por Weintraub para pousar em Miami, mas viajou nas últimas horas como ministro e foi indicado para uma vaga no Banco Mundial, apesar de ainda não ter sido oficializada.
As polêmicas de Weintraub
Weintraub assumiu a chefia do Ministério da Educação (MEC) em abril de 2019, ficando no posto por um ano e dois meses. Ele ocupou o cargo de Ricardo Vélez Rodríguez e acumulou desafetos e disputas públicas com diversos grupos sociais – entre eles, a comunidade judaica e a representação da China no Brasil –, além de defender a prisão dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), em reunião ministerial do dia 22 de abril.
Nesta última polêmica, Weintraub chamou os ministros do STF de “vagabundos”. “A gente tá perdendo a luta pela liberdade. É isso que o povo tá gritando. Não tá gritando pra ter mais Estado, pra ter mais projetos, pra ter mais… o povo tá gritando por liberdade, ponto. Eu acho que é isso que a gente tá perdendo, tá perdendo mesmo. A ge… o povo tá querendo ver o que me trouxe até aqui. Eu, por mim, botava esses vagabundos todos na cadeia. Começando no STF”, declarou.
O vídeo da reunião foi divulgado em meio ao inquérito que apura a interferência de Bolsonaro na Polícia Federal. O ministro do STF, Celso de Mello, relator da investigação, declarou que é possível analisar crime de injúria por parte de Weintraub. Em consequência, ele enviou ofício aos membros da Corte.
O ex-ministro da Educação foi citado em outro inquérito no Supremo por causa da declarações feitas na reunião ministerial: o que investiga esquemas de disseminação de fake news e ofensas a ministros do STF e demais autoridades.
Relator dessa investigação, o ministro Alexandre de Moraes determinou que Weintraub fosse ouvido sobre a fala. No entanto, quando uma equipe da PF foi à sede do MEC, ele usou o direito de ficar em silêncio, garantido pela Constituição.
O pedido do ministro da Justiça, André Mendonça, para que o então chefe da Educação fosse excluído desse inquérito foi rejeitado nesta quarta-feira, 17, em votação no plenário virtual do STF.
Em outro inquérito no STF, Weintraub é investigado por suposto crime de racismo cometido contra a população chinesa. O relator Celso de Mello intimou o então ministro a depor, mas ele apenas entregou uma manifestação por escrito.
Em abril, ele fez uma publicação e insinuou que a China poderia estar se beneficiando, de propósito, da crise causada pelo novo coronavírus. No post, que foi apagado logo depois, ele ridicularizou o sotaque com que alguns chineses falam português.