O que Anitta falou sobre a polêmica envolvendo os sertanejos?

A cantora abriu o jogo os sobre os desvios de verba em shows pagos com dinheiro público e ainda negou que tenha usufruído algum dia da Lei Rouanet

Anitta finalmente falou sobre a polêmica de Zé Neto envolvendo seu nome e a Lei Rouanet. Durante um show em Sorriso (MT), que aconteceu em 15 de maio deste ano, o cantor alfinetou a musa pop e ainda criticou quem usufrui da lei que tem como objetivo estimular projetos na área cultural do país.

“Nós somos artistas que não dependem de Lei Rouanet. Nós não precisamos fazer tatuagem no ‘toba’ para mostrar se a gente está bem ou não. A gente simplesmente vem aqui e canta”, disparou o sertanejo, que faz dupla com Cristiano, na ocasião.

O que Anitta falou sobre a polêmica envolvendo os sertanejos?
Créditos: Reprodução/Instagram @gusttavolima / @zenetooficial / @anitta
O que Anitta falou sobre a polêmica envolvendo os sertanejos?

“Meu irmão é quem cuida para mim das coisas. Eu liguei para o meu irmão e para o meu outro sócio Daniel falei: ‘Gente, eu já usei essa lei, porque eu nem lembro’. Ele falou: “Não”, falou a cantora em entrevista exclusiva ao Fantástico, da TV Globo.

Após a crítica feita pelo sertanejo, o assunto acabou caindo em outro tópico que não tem ligação alguma com a Lei Rouanet: a prática de uso de dinheiro público para contratar shows em cidades do interior do país. Inclusive, o show daquela noite, que ele se apresentava com a dupla e teceu críticas à cantora e a Lei Rouanet, foi pago com recursos públicos – R$ 400 mil mais precisamente.

Muitos artistas já se apresentaram em eventos sendo pagos por prefeituras, mas foram os valores exorbitantes de cachês e a diferenciação deles de um contrato para o outro que chamou a atenção da população e também do Ministério Público, que passou a investigar alguns concertos que seriam realizados principalmente por artistas sertanejos.

Desvio de verba pública para pagar shows

A cantora brasileira, que está morando nos Estados Unidos, também chegou a falar sobre a prática ilícita de desviar verbas para pagar shows e assim acontecer a “rachadinha” entre o artista e o contratante do órgão público.

“A gente que é da música sempre soube que isso existia. Já recebi propostas, eu e o meu irmão. ‘Você cobra tanto, aí eu vou pego um pedaço’. Eu sempre falei, não. Aí ele vai dar mais um pouco, se você declarar que recebeu não sei quanto. E eu: querido, meu cachê é esse. Quer assim? Não quer assim? Como a gente começou a nossa empresa do nada a gente está sempre contratando auditoria, porque a gente está sempre com medo de fazer algo por falta de conhecimento”, relatou.

A empresária também disse que é muito preocupada com a legalidade de suas finanças. “A gente está sempre contratando auditoria porque tem medo de fazer algo, por falta de conhecimento”.

Investigações do Ministério Público

Mal sabia Anitta que ao ser criticada pelo cantor sertanejo acabaria ajudando a iniciar uma grande investigação do Ministério Público para verificar contratações milionárias de artistas por municípios do interior do Brasil, que na maior parte das vezes tem outras prioridades emergenciais como educação, saúde e infraestrutura.

Além do show em Sorriso (MT), onde tudo começou pela boca de Zé Neto, o MP investiga mais 28 outros shows em cidades de Minas Gerais, Roraima, Bahia, Rio de Janeiro e Mato Grosso. Um dos artistas que mais está em evidência, em decorrência desses cachês milionários, é Gusttavo Lima.

Com toda pressão criada nas redes sociais, a Prefeitura de Conceição do Mato Dentro resolveu cancelar um show em que o cachê do artista sertanejo seria de R$ 1,2 milhão.

Em Roraima, cidade com aproximadamente 8 mil habitantes, está previsto para o cantor receber R$ 800 mil por um show que vai acontecer em dezembro deste ano.

Em Magé, no Rio de Janeiro, o MP abriu um inquérito para investigar se há irregulares na contratação do cantor e também de outros artistas que devem se apresentar no aniversário da cidade.

Gusttavo chegou a fazer um desabafo pela internet: “Eu sou um cara que faz pouquíssimos shows de prefeitura. E quando a gente ainda faz algum, a gente é massacrado como se fosse um bandido, como se fosse um ladrão que tivesse roubando dinheiro público e não é isso. Eu sou um cara 100% correto, 100% honesto nas minhas coisas”.