DJ Pelé denuncia racismo no Uber ao ser confundido com assaltante

O motorista parou a corrida para dizer a policiais que estava se sentindo ameaçado pelo músico

O músico Diego Zakarias, conhecido como DJ Pelé, relatou que foi vítima de racismo ao usar o aplicativo Uber, na madrugada da última segunda-feira, 27. Ele contou que por ser negro, o motorista o confundiu com um assaltante e encerrou sua corrida antes de chegar no destino final.

DJ pé sofre racismo no Uber ao ser confundido com assaltante
Créditos: Reprodução/Instagram
DJ pé sofre racismo no Uber ao ser confundido com assaltante

O músico pegou o carro no Engenho Novo, bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro, saindo da casa de sua mãe, e ia destino à Barra da Tijuca, na Zona Oeste da cidade, onde se apresentaria em uma boate.

Segundo DJ Pelé, no caminho, o motorista começou com as atitudes racistas. Perguntou se o músico estava com os documentos e ainda pediu para que ele mostrasse alguma coisa que comprovasse ser real a apresentação na festa da Bara da Tijuca. O condutor, que também é negro, ainda disse que iria desistir da corrida, alegando que o destino seria um lugar muito perigoso.

Durante o trajeto, o produtor de Diego o ligou e informou que o show havia sido cancelado pois a casa estava vazia. Foi quando a vítima resolveu alterar o destino da corrida para sua casa. O motorista não gostou da mudança de planos e parou o carro próximo de uma viatura da PM, na Linha Amarela.

“O policial perguntou o que aconteceu e eu avisei que o motorista não queria me levar porque achava que eu era assaltante. Nem o PM entendeu, chamou outra viatura pra me dar carona até em casa e ainda me pediu desculpas pelo cara”, disse o músico.

Mesmo sem finalizar a corrida no destino, DJ Pelé precisou pagar pelo trajeto percorrido pela metade, R$ 39,00. “O motorista ainda perguntou quanto eu tinha, como se eu não tivesse dinheiro ou fosse dar calote. Aí eu respondi que eu tinha dinheiro para pagar corrida daqui até o Maranhão se ele quisesse e dei o dinheiro”, disse Diego para o jornal ‘O DIA’.

DJ Pelé mostrou seus documentos ao policial e teve sua ficha limpa, sem passagens pela polícia constatada.

Para Diego, o motorista, mesmo negro, reproduziu o racismo estrutural que existe no país e assola toda população negra. “O que eu acho mesmo é que não tem como eu culpá-lo porque o racismo do Brasil é institucional, a gente não sabe o que a pessoa passou para chegar a isso. O Brasil não deixa os negros entrarem nas grandes indústrias, a gente recebe olhar torto em todo lugar”, relatou.

Uber

A empresa enviou uma nota lamentando o ocorrido e reembolsou a corrida do artista. ‘Lamentamos a experiência pela qual o usuário passou em nossa plataforma. A Uber não tolera qualquer forma de discriminação e assim que soubemos do incidente, desativamos o motorista da plataforma. A empresa está à disposição para colaborar com as autoridades responsáveis para investigação do caso, nos termos da lei”, afirmou o aplicativo de transporte.

DJ Pelé passou pela situação e não se calou. Veja como não deixar passar batido casos de racismo.

Racismo: saiba como denunciar

Racismo é crime previsto pela Lei 7.716/89 e deve sempre ser denunciado, mas muitas vezes não sabemos o que fazer diante de uma situação como essa, nem como denunciar, e o caso acaba passando batido.

Para começar, é preciso entender que a legislação define como crime a discriminação pela raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, prevendo punição de 1 a 5 anos de prisão e multa aos infratores.

A denúncia pode ser feita tanto pela internet, quanto em delegacias comuns e nas que prestam serviços direcionados a crimes raciais, como as Delegacias de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), que funcionam em São Paulo e no Rio de Janeiro.

No Brasil, há uma diferença quando o racismo é direcionado a uma pessoa e quando é contra um grupo. Saiba mais como denunciar e o que fazer em caso de racismo e preconceito.