Com problemas na saúde, cidade paga R$ 453 mil a Zé Neto e Cristiano

Zé Neto e Cristiano vão embolsar mais R$ 453,5 mil de verba pública. Isso porque a prefeitura de Pitangueiras, no interior de São Paulo, resolveu que a dupla sertaneja vai ser a atração principal do evento que marca os 117 anos do município, que acontece em 29 de julho.

Em meio a tantas polêmicas envolvendo dinheiro público destinado a cachês altíssimos – principalmente para artistas do ramo sertanejo -, o Executivo ignorou totalmente a cobrança da sociedade sobre os melhores destinos para essa verba, e mesmo com problemas na saúde, decidiu que vai investir quase meio milhão de reais em um único show que vai durar algumas horas.

Vale relembrar que a Santa Casa de Pitangueiras, um hospital do município, não conseguiu atender uma grande demanda de atendimento e internações durante o auge da pandemia do coronavírus, resultando em muitas mortes devido a falta de estrutura da unidade de saúde.

No último ano, o hospital precisou impedir a entrada de novos pacientes que estavam apesentando sintomas da doença justamente porque não tinha leito suficiente. Tudo isso acabou virando até caso de polícia na cidade que tem um pouco mais de 40 mil pessoas.

A confirmação do show com a apresentação de Zé Neto e Cristiano veio no dia 25 de maio, quando o prefeito Marcos Aurélio Soriano (Cidadania) registrou no Diário Oficial da União. Assim como outros shows feitos pela dupla, esse é mais um caso em que não se faz necessário a anexação de licitação.

Zé Neto, Anitta e a Lei Rouanet

Toda cobranças incisiva da população sob pagamentos de shows com dinheiro público começou por uma crítica feita por Zé Neto à Anitta e também para a Lei Rouanet, que ajuda artistas em geral e fomenta à cultura do país.

“Nós somos artistas e não dependemos de Lei Rouanet, nosso cachê quem paga é o povo. A gente não precisa fazer tatuagem no ‘toba’ para mostrar se a gente está bem ou não. A gente simplesmente vem aqui e canta e o Brasil inteiro canta com a gente”, disparou Zé Neto, durante um show em Sorriso (MT), no dia 15 de maio, que inclusive foi pago R$ 400 mil à dupla, retirados do cofre público do município.

Outros contratos da dupla com prefeituras de outras cidades dos interiores do Brasil foram encontrados: R$ 250 mil de Itabaiana (SE), R$ 253 mil de Colina (SP), R$ 320 mil em Uruana (GO) e mais outros. Somando tudo os valores chegam a R$ 3 milhões de faturamento com dinheiro público.

Diferença entre repasses de dinheiro público

Quando o contratação de um artista é feita através de uma Prefeitura, o processo para realizar o repasse do dinheiro público é mais simples. O órgão municipal demonstra interesse, o artista estipula um valor do show e a Prefeitura simplesmente paga à empresa indicada, sem licitações, com dinheiro do cofre público.

Já no caso da Lei Rouanet, funciona de uma forma totalmente diferente. Por exemplo, um artista precisa de verba para gravar um clipe. Para ele receber esse dinheiro, é preciso que ele mande em detalhes 3 orçamentos na solicitação, incluindo o tempo que gastará gravando, quanto cada pessoa envolvida irá receber, o aluguel do local da gravação e etc. Caso seja aprovado pelo governo, o projeto passa a ficar apto a receber doações de empresas privadas. O valor da Lei Rouanet vem da dedução de impostos das empresas.