Torcedor gay do Palmeiras recebe ameaças de morte e agressão

Nos estádios ao redor do Brasil, infelizmente, não é incomum ouvir gritos com provocação homofóbica entre torcedores de times rivais. Termos como “bicha” e “viado” são cantados em tom ofensivo e tornam o universo do futebol um ambiente hostil para o público LGBT.

O jornalista William De Lucca, de 32 anos, torcedor fervoroso do Palmeiras, escreveu um tuíte em que criticava os xingamentos homofóbicos direcionados ao time rival do verdão, o São Paulo, em ocasião da partida no Allianz Parque na última quinta-feira, 8.

A publicação ganhou repercussão e William começou a receber mensagens de ódio pelas redes sociais dos próprios torcedores do Palmeiras, contendo ameaças de morte e agressão física:

https://twitter.com/delucca/status/972233453205934081

“E eu não me calo ante a homofobia, seja de uma ou de 40 mil pessoas, porque a gente já se calou por muito tempo. A gente vai em estádios desde de sempre, e sempre calados. Precisamos falar sobre isso”, disse ele em entrevista ao UOL. “Espero que os outros palmeirenses gays que vão a estádios também levantem sua voz”, completou.

Apesar disso, o torcedor comentou que a reação positiva foi maior. “Muitos palmeirenses me convidando para ir com eles no jogo, sentar no mesmo setor do estádio, apoio de torcedores de outros times do Brasil… Teve um dirigente da Portuguesa que veio me procurar, falar que já aconteceu no estádio. Muita gente já se sentiu desse jeito, já passou por isso, e agora vai falar”, afirmou ao SportTV.

https://twitter.com/delucca/status/972535545724272641

Em 2010, William tuitou a frase “Chupa, Bambi”, que vem sendo usada por muitos dos ameaçadores para atacá-lo. “A gente tem sorte de poder melhorar com o tempo. Eu sou gay, mas nasci em uma sociedade extremamente homofóbica e heteronormativa. Eu aprendi que ser gay é errado e que usar isso como ofensa é aceitável. Eu tive a chance de, com o tempo , chegar a outro nível de percepção. Eu estava errado naquela época”, explicou ele, assumindo.

Junto com amigos palmeirenses, o jornalista é hoje administrador do coletivo Palmeiras Livre, cuja missão é levantar pautas como homofobia, racismo, machismo e xenofobia dentro do futebol.

A reportagem da Band entrou em contato com representantes da Mancha Alviverde, que preferiu não se declarar sobre o caso. A torcida organizada alegou que não é responsável por puxar os gritos e não respondeu se pretende fazer algum tipo de ação contra a homofobia.

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