Nesta terça-feira, 24, a atriz Zezé Motta usou o seu perfil no Instagram para criticar a campanha e pedir mais respeito em relação às causas negras.
“Não estou aqui para julgar uma atriz que faz campanha enrolada em um papel higiênico preto. Cada um faz e aceita o trabalho que melhor lhe convém”, escreveu a atriz de 73 anos.
Em seguida, Zezé Motta fala sobre a importância do slogan “Black is Beautiful”, utilizado de forma leviana pela campanha e que é um símbolo da resistência do movimento negro norte-americano.
A atriz relembra de uma viagem que fez aos Estados Unidos em 1969 para apresentar “Arena Conta Bolívar e Arena Conta Zumbi”, onde se apresentava com uma peruca lisa chanel.
“Quando nos apresentamos no Harlem, um grupo de militantes negros ficou chocado com o fato de eu usar peruca. Era o auge do black is beautiful, e a gente tinha que manter as características originais da raça”, explica na postagem.
Zezé Motta continua. “Nesse dia, voltei para o hotel, tomei um banho demorado e deixei meu cabelo voltar ao natural. É que, além da peruca, eu fazia alisamento com pente quente”, lembra. “Ali eu comecei a me aceitar como negra. Saía nas ruas do Harlem e reparava que os negros americanos andavam de cabeça erguida. Não tinha essa postura subserviente que eu sentia no Brasil e em mim mesma.”
A atriz continua o relato falando sobre a questão de autoestima e reforçando a importância do slogan utilizado pela campanha. “Black is Beautiful foi alto extraordinário, passamos a nos aceitar, a nos empoderar, e não posso achar interessante uma campanha de “papel higiênico” PRETO (tá, tudo bem, sem nenhum problema pois preto é uma cor, até aí, nenhuma “criatividade” como essa me choca mais), ser VENDIDA COMO BLACK IS BEAUTIFUL. RESPEITO, POR FAVOR…”, pede.