Contato com a natureza pode prevenir miopia, revela pesquisa

Já ouviu falar em “boom de miopia”? Os índices desse distúrbio na China indicam que a miopia está alcançando proporções de epidemia, e um grupo de pesquisadores chineses descobriu um dos porquês: carência de natureza.

Tudo em começou em Guangzhou, quando o maior hospital da cidade sentiu a necessidade de expandir o seu centro oftalmológico. O motivo? A quantidade de crianças que chegavam ao centro apresentando sinais de visão embaçada a longas distâncias, sintoma comum da miopia, só fazia por aumentar.

Diante desse cenário, o hospital realocou médicos e pesquisadores para implantar testes e pesquisas com as centenas de crianças que procuravam o local diariamente. E os índices não paravam de crescer. Há seis anos, estima-se que entre 10 e 20% da população da China era míope. Hoje, o número de crianças e jovens diagnosticada com miopia já chega a 90%.

Segundo pesquisadores da Australian National University, as crianças precisam passar pelo menos três horas por dia debaixo da luz natural.

Natureza e infância: desenvolvimento intelectual, emocional, social, espiritual e físico

Inúmeras pesquisas comprovam os benefícios do contato com a natureza, sobretudo quando se trata das crianças, que desenvolvem desde a primeira infância o interesse pelos ciclos naturais, animais e plantas. Segundo os pesquisadores, a natureza influencia ainda no desenvolvimento social positivo, a manter pensamentos pacíficos, influencia na criatividade, no autocontrole e na disciplina, além de contribuir para uma vida adulta mais saudável e conectado com o meio ambiente.

Em muitas partes do mundo, incluindo os Estados Unidos, a Europa e a Ásia, as crianças costumam passar cerca de duas horas por dia ao ar livre. A recomendação de um grupo de pesquisadores de Canberra, na Austrália, é de que o tempo mínimo de exposição diária à luz natural é três horas.

Por muitos anos, o consenso científico era de que a miopia era causada por uma questão estritamente genética. Mas, a partir dos anos 60, novas pesquisas apontaram que o problema não poderia ser consequência apenas desse fator.

Pelo fato de que a maioria dos casos de miopia se manifesta na infância, os pesquisadores chineses passaram a se debruçar sobre esse público para entender as causas da desordem, e já começam a concluir as primeiras evidências: deixar as crianças tanto tempo dentro de casa traz malefícios à saúde.

Especificamente em relação à miopia, o problema está relacionado a uma simples questão: quando uma pessoa foca a sua visão em objetos muito próximos – como celulares e eletrônicos em geral – , acaba não exercitando a musculatura dos olhos, ocasionando dificuldades de enxergar longe, ao mesmo tempo em que se expõe demais à iluminação superficial, o que também causar problemas.

Ou seja, quanto mais exercitam a visão para os detalhes das coisas – o que fazemos naturalmente quando estamos na natureza – mais as crianças trabalharão o músculo da retina, e, portanto, terão menos chance de desenvolver miopia por meios não genéticos.

Estimular a vida ao ar livre tem consequências diretas nesse problema. Prova disso é que, em muitos casos, crianças que passam muito tempo dentro de ambientes fechados, desenvolvem uma hipersensibilidade à luz, passando a enxergar embaçado. Evidentemente, trata-se de um incremento ao problema, e não de uma causa única: a miopia é uma questão complexa que pode ser causada por diversos fatores. Quem quiser se aprofundar no assunto, clique aqui para obter dados mais detalhados da pesquisa.

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