Afinal, o que é o soluço e de onde ele vem?

Soluços podem acontecer por muitas razões — algumas delas são físicas e outras emocionais

Por Silvia Melo em parceria com João Gabriel Braga (Médico - CRMGO 28223)
20/03/2025 12:04

O soluço geralmente dura apenas alguns minutos e desaparece sozinho, mas afinal de contas, de onde ele surge e para onde ele vai? De acordo com a Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde, o soluço é produzido pela contração involuntária do diafragma (músculo que separa o peito do abdome), seguido pelo fechamento da glote (abertura da laringe), durante a inspiração. Todo esse movimento é o responsável pelo desencadeamento do soluços, que podem ocorrer entre quatro e 60 vezes por minuto.

Na maioria das vezes o soluço melhora espontaneamente em poucos minutos. E há certos fatores que podem provocá-lo. O uso de medicamentos, como corticosteroides e sedativos, podem interferir no controle neuromuscular do diafragma e provocar soluços. Até mesmo causas psicológicas, como ansiedade, tristeza, agonia e depressão, podem estar envolvidas.

As causas comuns do soluço

  • comer muito rápido
  • engolir apressadamente
  • ingerir bebidas carbonatadas 
  • consumir alimentos muito picantes, quentes ou frios
  • álcool ou nicotina
  • estresse, excitação, tensão ou ansiedade
  • depressão
Soluços podem acontecer por muitas razões — algumas delas são físicas e outras emocionais
Soluços podem acontecer por muitas razões — algumas delas são físicas e outras emocionais - nicoletaionescu/istock

Como a depressão e ansiedade pode estar envolvidas com o soluço?

A depressão pode causar soluços devido à sua influência no sistema nervoso e na regulação do diafragma. Acontece que a depressão afeta o equilíbrio entre o sistema nervoso simpático e parassimpático, que controlam funções involuntárias do corpo, como a respiração e os reflexos musculares. Esse desequilíbrio pode estimular involuntariamente o diafragma, causando soluços frequentes.

Já  a ansiedade e o estresse aumentam os níveis de cortisol e adrenalina no corpo. Esses hormônios podem interferir nos nervos responsáveis pelo controle do diafragma, resultando em espasmos involuntários e soluços persistentes.

Soluço como sinal de doença

Na maioria dos casos, o soluço é inofensivo e passageiro. No entanto, se durar mais de 48 horas, pode ser um sintoma de condições médicas como refluxo gastroesofágico, irritação no nervo frênico e distúrbios neurológicos.

Em caso de soluços agudos acompanhados de dor de cabeça, tontura, náusea, paralisia, distúrbios da fala ou distúrbios visuais, é necessário atendimento de urgência, pois pode indicar um derrame.

Soluços em bebês 

Bebês e crianças também costumam ter soluços, mesmo quando ainda estão no útero da mãe. Lá, os soluços treinam os músculos respiratórios porque impedem que o líquido entre nos pulmões do bebê. Mais tarde, quando a criança nasce e começa a tomar leite, ele impede que chegue aos pulmões. À medida que o bebê cresce e começa a comer alimentos sólidos, os soluços diminuem porque o reflexo não é mais necessário.

Truques para parar o soluço

  •  prender a respiração: prender a respiração eleva a quantidade de moléculas de gás carbônico (CO2) na corrente sanguínea, o que faz com que o cérebro atue no sentido de contrair o diafragma;
  • beber água gelada: a ingestão de água gelada atua no sentido de estimular, pela mudança de temperatura, o nervo vago (atua na secreção de líquidos digestivos) que também age sobre o diafragma;
  • levar um susto: o susto provoca um alerta que libera, na corrente sanguínea, um composto químico chamado catecolamina, que é capaz de regular o funcionamento do nervo frênico (responsável pelo processo de inspiração do diafragma);
  • Pressione suavemente os ouvidos com os dedos enquanto bebe um copo de água. Isso estimula o nervo vago e pode interromper o soluço.