Pesquisa alerta sobre os alimentos que aceleram envelhecimento biológico
Estudo revela como escolhas alimentares podem acelerar o envelhecimento biológico; saiba os impactos e como se proteger
O consumo de alimentos ultraprocessados, conhecidos por serem pobres em nutrientes e ricos em calorias, está associado ao envelhecimento biológico acelerado.
É o que aponta um estudo liderado pela professora brasileira Barbara Cardoso, da Universidade Monash, na Austrália, publicado na revista científica Age and Ageing.
Diferente da idade cronológica, que é contada em anos, o envelhecimento biológico é medido por biomarcadores moleculares no DNA, refletindo o desgaste do corpo ao longo do tempo. Esse processo pode ser influenciado por fatores como alimentação, prática de exercícios e predisposição genética.
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Como os ultraprocessados afetam o envelhecimento?
O estudo analisou dados de 16 mil americanos com idades entre 20 e 79 anos, coletados pela Pesquisa Nacional de Exames de Saúde e Nutrição dos EUA (NHANES).
A pesquisa revelou que, para cada aumento de 10% na ingestão de alimentos ultraprocessados, a idade biológica avançava cerca de 2,4 meses além da cronológica. Quando comparados dois grupos — os que consumiam 68% ou mais das calorias diárias de ultraprocessados e os que ingeriam 39% ou menos —, o primeiro apresentava, em média, um envelhecimento biológico 0,86 ano maior.
Barbara Cardoso explica que o efeito pode estar relacionado à exposição a substâncias químicas presentes nesses alimentos, incluindo conservantes, saborizantes e outros aditivos usados durante o processamento e nas embalagens.
“Supondo uma dieta padrão de 2.000 calorias por dia, a adição de 200 calorias extras de alimentos ultraprocessados, o que equivale aproximadamente a uma pequena barra de chocolate, pode fazer com que o processo de envelhecimento biológico avance mais de dois meses em comparação com o envelhecimento cronológico”, afirma ela em comunicado.
Outros impactos na saúde
Além de acelerar o envelhecimento biológico, os ultraprocessados estão associados a diversos problemas de saúde.
Estudos anteriores já os relacionaram a telômeros menores — estruturas dos cromossomos ligadas ao envelhecimento celular — e a um maior risco de declínio cognitivo e demência.
Também há evidências de sua ligação com doenças como obesidade, diabetes, câncer, depressão e problemas cardiovasculares.
Exemplos de alimentos processados
- Biscoitos;
- Sorvetes;
- Bolos;
- Cereais matinais;
- Barras de cereais;
- Temperos “instantâneos”;
- Salgadinhos “de pacote”;
- Refrescos e refrigerantes;
- Achocolatados;
- Iogurtes e bebidas lácteas adoçadas;
- Bebidas energéticas;
- Caldos com sabor carne, frango ou de legumes;
- Produtos congelados e prontos para consumo (massas, pizzas, hambúrgueres, nuggets, salsichas).
Como evitar os ultraprocessados no dia a dia?
O Guia Alimentar para a População Brasileira recomenda priorizar alimentos in natura ou minimamente processados e reduzir o consumo de ultraprocessados. Para ajudar na implementação dessa mudança, Barbara Cardoso sugere:
- Aumentar o consumo de alimentos integrais: inclua mais frutas, legumes, grãos integrais, nozes e sementes na dieta.
- Ler os rótulos: evite produtos com listas extensas de ingredientes desconhecidos.
- Cozinhar em casa: preparar refeições caseiras permite controlar os ingredientes utilizados.