Cientistas criam embrião sintético com cérebro e coração
O feito é resultado de mais de uma década de pesquisa e pode ajudar no desenvolvimento de órgãos humanos sintéticos para transplante
Pesquisadores da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, conseguiram um feito: criaram um embrião sintético de camundongos com cérebro e coração funcionando e com todas as estruturas para o desenvolvimentos dos demais órgãos.
A equipe não utilizou óvulos ou espermatozoides e, em vez disso, usou células-tronco – as células mestras do corpo, que podem se desenvolver em praticamente qualquer tipo de célula do corpo. O resultado foi relatado na revista Nature.
Como isso foi feito?
Os pesquisadores imitaram os processos naturais no laboratório, guiando os três tipos de células-tronco encontradas no desenvolvimento inicial dos mamíferos até o ponto em que começam a interagir.
Ao induzir a expressão de um conjunto específico de genes e estabelecer um ambiente único para suas interações, os pesquisadores conseguiram fazer com que as células-tronco ‘falassem’ umas com as outras.
As células-tronco se auto-organizaram em estruturas que progrediram através dos sucessivos estágios de desenvolvimento até terem corações pulsantes e as bases do cérebro, bem como o saco vitelino onde o embrião se desenvolve e obtém nutrientes em suas primeiras semanas.
Ao contrário de outros embriões sintéticos, os modelos desenvolvidos por Cambridge chegaram ao ponto em que todo o cérebro, incluindo a porção anterior, começou a se desenvolver.
Os pesquisadores estão esperançosos de que o trabalho possa ser usado para orientar o reparo e o desenvolvimento de órgãos humanos sintéticos para transplante.
É simplesmente inacreditável que chegamos tão longe. Este tem sido o sonho de nossa comunidade por anos e um foco importante de nosso trabalho por uma década, e finalmente conseguimos,” disse Zernicka-Goetz, professora de Desenvolvimento de Mamíferos e Biologia de Células-Tronco no Departamento de Fisiologia, Desenvolvimento de Cambridge.
Ao longo da última década, o grupo do professora Zernicka-Goetz em Cambridge vem estudando esses estágios iniciais da gravidez, a fim de entender por que algumas gestações falham e outras são bem-sucedidas.
“Muitas gestações falham nessa época, antes que a maioria das mulheres perceba que está grávida”, disse Zernicka-Goetz. “Este período é a base para tudo o que se segue na gravidez. Se der errado, a gravidez falhará.”