Coronavírus em SP: 50% dos pacientes em estado grave não são idosos

Em São Paulo, pacientes graves com coronavírus são em maioria pessoas com menos de 60 anos

14/04/2020 13:59

Segundo estatísticas da Secretaria Estadual de Saúde,  metade dos novos casos graves de coronavírus em São Paulo atingiu pessoas com menos de 60 anos. Os números contradizem a teoria de que a doença afeta, sobretudo, idosos como se pensava nos primeiros meses da pandemia.

Ainda de acordo com o levantamento, até 8 de abril,  2.355 pessoas foram hospitalizadas em hospitais paulistas com Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), uma das consequências causadas pelo coronavírus. Desse total, mais de 50% não era idoso.

Movimento no Viaduto do Chá, centro de São Paulo, durante a quarentena – Rovena Rosa/Agência Brasil
Movimento no Viaduto do Chá, centro de São Paulo, durante a quarentena – Rovena Rosa/Agência Brasil - Rovena Rosa/Agência Brasil

Dos 1.193 casos, 816 internados tinham entre 40 e 59 anos; 352 entre 20 a 39 anos. Além disso, os números mostram que crianças e adolescentes não estão completamente fora de risco. Foram registrados  25 casos graves na população de 0 a 19 anos, incluindo duas mortes.

Jovens em estado grave x colapso da saúde

Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o pneumologista José Eduardo Afonso Jr, destaca número crescente de jovens saudáveis, que mesmo sem qualquer doença preexistente, desenvolveram pneumonia e demais complicações resultadas da infecção.  “Eu mesmo cuidei de vários pacientes na faixa dos 40 anos, sem comorbidades, que ficaram em estado muito grave. O fato de a letalidade ser maior em pessoas com fatores de risco não deixa jovens e pessoas saudáveis isentas de desenvolverem complicações. O que difere é que, caso internados, eles têm mais chance de sobreviver porque têm uma reserva pulmonar maior para aguentar a doença.”

Ele chama atenção para as consequências que um eventual colapso do sistema de saúde pode causar. “Uma pessoa saudável tem uma condição de responder melhor à infecção, mas se ela não conseguir um respirador ou se for internada em um local que não siga os protocolos existentes, ela corre o risco de morrer como qualquer outro paciente.”

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