Doença de Crohn tem cura? Saiba sintomas e quando cirurgia é indicada

A doença de Crohn é uma condição intestinal crônica que afeta o trato gastrointestinal. A condição pertence a um grupo de condições conhecidas como doenças inflamatórias intestinais, ou DII.

“A doença de Crohn pode afetar qualquer parte do trato gastrointestinal, desde a boca até o ânus e é caracterizada por inflamação crônica que pode se estender através de todas as camadas da parede intestinal”, explica o cirurgião do aparelho digestivo, Dr. Rodrigo Barbosa, CEO do Instituto Medicina em Foco.

Conforme dados da Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP), as doenças inflamatórias intestinais afetam mais de 5 milhões de pessoas no mundo e, só no Brasil, acometem 100 pessoas a cada 100 mil habitantes.

Quais são os sintomas da doença de Crohn?

• Dor abdominal: a dor abdominal é um dos sintomas mais comuns da doença de Crohn. Pode variar em intensidade e localização, geralmente concentrando-se na região inferior direita do abdômen.
• Diarreia crônica: a diarreia é um sintoma persistente da doença podendo ser acompanhada de fezes líquidas, frequentes e urgentes.
• Perda de peso: esse sintoma ocorre devido à má absorção de nutrientes pelo intestino inflamado.
• Fadiga: a fadiga é outro sintoma frequente, muitas vezes, causada pela inflamação crônica no organismo e pela perda de nutrientes.
• Febre: a febre pode ocorrer em alguns casos de doença, principalmente durante os episódios de inflamação aguda.
• Sangramento retal: pode ocorrer, especialmente quando a inflamação afeta a região do reto e do ânus.
• Náuseas e vômitos: esses sintomas também estão associados à doença de Crohn, especialmente durante os períodos de inflamação e obstrução intestinal.
• Alterações na aparência das fezes: as fezes podem apresentar alterações na cor, consistência e odor na doença de Crohn, devido à inflamação e má absorção de nutrientes.
• Lesões na pele: algumas pessoas com doença de Crohn podem apresentar lesões na pele, como erupções cutâneas, úlceras e feridas.

Outros sintomas

Além dos sintomas mencionados, a doença de Crohn pode causar outros sinais como anemia, dores articulares, olhos vermelhos e inflamados, boca seca e inflamação nas vias biliares.

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É importante ressaltar que os sintomas podem variar de pessoa para pessoa. É fundamental buscar a avaliação de um médico especialista para um diagnóstico correto e um plano de tratamento adequado, visando melhorar a qualidade de vida.

Além disso, os sintomas da doença de Crohn podem durar dias ou semanas. No entanto, é muito raro que haja uma recuperação total após apenas um episódio. A condição costuma retornar de forma imprevisível, com crises que variam em intensidade e duração. Nos casos mais graves, podem ocorrer dores fortes e contínuas, febre e desidratação.

Ainda não se sabe exatamente por que os sintomas vão e voltam, nem o que causa as novas crises. A inflamação tende a surgir repetidamente na mesma área do intestino e, mesmo após cirurgias, pode atingir regiões próximas à parte afetada que foi retirada.

O que causa essa doença?

Suas causas não são totalmente compreendidas, mas, em suma, acredita-se que uma combinação de fatores genéticos, imunológicos e ambientais desempenham um papel importante.

Embora ela possa ocorrer em qualquer idade, o diagnóstico ocorre com mais frequência em adolescentes e adultos jovens (15 a 40 anos).

Estudos têm mostrado que pessoas com histórico familiar de doenças inflamatórias intestinais têm uma maior probabilidade de desenvolver a doença. Certos genes relacionados ao sistema imunológico e à resposta inflamatória têm sido identificados como potenciais fatores de risco para o desenvolvimento da condição.

Em segundo lugar, o sistema imunológico também desempenha um papel importante nas causas da doença de Crohn. Acredita-se que ela ocorra quando o sistema imunológico ataca erroneamente as células saudáveis do trato gastrointestinal, resultando em uma resposta inflamatória crônica. Essa inflamação pode levar a danos nas paredes intestinais e sintomas associados à doença de Crohn.

Além disso, fatores ambientais também podem contribuir. Alguns estudos sugerem que certos elementos do ambiente, como dieta, exposição a certos tipos de bactérias e outros fatores ambientais, podem desempenhar um papel na desencadeamento da doença em pessoas suscetíveis geneticamente.

Diagnóstico e tratamento

Segundo o Ministério da Saúde, o diagnóstico da Doença de Crohn ocorre por meio de exames de imagem (raio X e endoscopias) e exames de sangue.

Já o tratamento é feito em etapas: primeiro é determinado o nível da doença (leve, moderada ou grave), baseado no número de evacuações, dor abdominal, indisposição geral, ocorrência de fístulas e de manifestações patológicas à distância.

O tratamento é definido a partir disso e consegue controlar os sintomas, induzir e manter a remissão e melhorar a qualidade de vida dos pacientes com o uso de medicamentos para reduzir a inflamação e modificar a resposta imunológica, além de mudanças na dieta e estilo de vida. Alguns pacientes também precisam de cirurgia.

“É preciso ficar atento a qualquer sinal que o intestino possa não estar funcionando bem e buscar ajuda médica para realizar exames como endoscopia e colonoscopia”, diz o cirurgião.

A doença de Crohn tem cura?

Os medicamentos disponíveis reduzem a inflamação e controlam os sintomas, mas não curam a doença.

Embora seja uma enfermidade crônica, ela não é considerada doença fatal. Quase todas as pessoas que seguem o tratamento adequado mantêm uma vida útil e produtiva, apesar de algumas delas necessitarem de hospitalização nos períodos de maior atividade da doença.

Possíveis complicações 

As complicações da doença de Crohn incluem obstrução intestinal, perfuração do intestino, abscessos, fissuras anais, fístulas e aumento do risco de câncer colorretal.

As fístulas são especialmente comuns e podem ligar diferentes partes do intestino ou conectar o intestino à pele e a outros órgãos, como a bexiga. Fissuras e infecções ao redor do ânus também são frequentes.

Em casos mais raros, a colite tóxica pode levar à dilatação do cólon e risco de peritonite.

Quando é necessário fazer cirurgia?

“A cirurgia geralmente é indicada quando o tratamento clínico deixa de surtir efeito ou quando há complicações. Estenoses (estreitamentos), perfurações, fístulas e abscessos são motivos frequentes. Também pode ser necessária quando o paciente apresenta sangramentos persistentes ou quando a inflamação está tão avançada que prejudica a absorção dos nutrientes“, explica o médico.

O procedimento geralmente remove a parte afetada do intestino e pode aliviar os sintomas por um período, mas não representa cura definitiva, pois a doença pode voltar. Cerca de metade dos pacientes operados precisa de uma segunda cirurgia ao longo do tempo.

Por isso, os médicos optam por esse caminho apenas quando realmente necessário. Mesmo assim, muitos pacientes relatam melhora na qualidade de vida após a cirurgia, com redução dos sintomas e das internações.

Em casos mais graves, pode ser necessária uma ostomia, que é a criação de uma abertura no abdômen para saída das fezes em uma bolsa externa. A ostomia pode ser temporária ou permanente, dependendo da gravidade da doença e da extensão do intestino removido.

Maio Roxo

Neste Maio Roxo, mês dedicado à conscientização sobre as doenças inflamatórias intestinais (DII) que impactam a qualidade de vida de milhões de pessoas, a Catraca Livre prepara uma série de reportagens para informar seus leitores. Clique aqui para acessar.

 

Atenção: essas informações possuem apenas caráter educativo, consulte um médico para orientações personalizadas.