Dois sintomas precoces de Parkinson que podem aparecer anos antes

Estudo revelou que esses sintomas podem se manifestar anos antes de um diagnóstico oficial

Por Silvia Melo em parceria com João Gabriel Braga (Médico - CRMGO 28223)
28/10/2024 09:37

Um estudo de 2022 revelou que a perda auditiva e a epilepsia podem ser dois sintomas indicadores da doença de Parkinson. O estudo foi conduzido na Queen Mary University of London e publicado no JAMA Neurology. 

Os pesquisadores examinaram registros médicos de mais de um milhão de moradores do leste de Londres de 1990 a 2018, usando dados que refletem uma população com diversidade significativa.

Eles compararam pessoas com doença de Parkinson declarada em seus registros médicos com aquelas sem. Pessoas com doenças neurológicas que pioram com o tempo, como demência e esclerose múltipla (EM), não foram incluídas no estudo.

A pesquisa descobriu que pessoas com doença de Parkinson tendem a ser mais velhas e mais frequentemente do sexo masculino, em comparação ao grupo sem a doença.

Perda de audição e epilepsia foram consideradas fatores de risco para a doença de Parkinson, o que não foi bem relatado antes.

Os pesquisadores sugerem que a perda auditiva pode ser um sintoma precoce, ocorrendo até cinco anos antes do diagnóstico de Parkinson.

Segundo os autores do estudo, é importante que os profissionais de saúde estejam cientes dessas ligações e entendam o quão cedo os sintomas do Parkinson podem aparecer para que os pacientes possam obter um diagnóstico mais cedo.

Estudo aponta para sintomas que podem aparecer anos antes do diagnóstico de Parkinson
Estudo aponta para sintomas que podem aparecer anos antes do diagnóstico de Parkinson - sudok1/istock

O que explica a perda auditiva ligada ao Parkinson?

Os especialistas sugeriram que a perda auditiva pode ser parte do comprometimento do processamento sensorial frequentemente associado à doença de Parkinson.

O comprometimento sensorial se manifesta de forma diferente em diferentes pacientes. Pode ser por meio da visão, audição ou até mesmo do olfato, de acordo com os pesquisadores.

Outra descoberta importante foi o risco aumentado de Parkinson na vida adulta para aqueles com epilepsia, embora a possibilidade de Parkinson induzido por medicamentos não tenha sido excluída.

Essa associação entre epilepsia e Parkinson não é inteiramente nova, pois relatos de casos de 2016 também notaram a coexistência de ambas as condições. Isso pode ser um precursor para um diagnóstico de Parkinson, ou a epilepsia pode se desenvolver após o diagnóstico.

Outros sintomas incluíram tremores, vistos até 10 anos antes do diagnóstico da doença de Parkinson, e problemas de memória, presentes até cinco anos antes.

Também foram encontradas ligações com pressão alta, pressão baixa, constipação, depressão e diabetes tipo 2.

Quais os sintomas comuns de Parkinson?

Os sintomas mais comuns do Parkinson incluem tremores, rigidez muscular, lentidão nos movimentos (bradicinesia), alterações na postura e equilíbrio, dificuldade para caminhar, diminuição na expressão facial e alterações na fala e escrita.

Além disso, podem surgir sintomas não motores, como distúrbios do sono, depressão, ansiedade e problemas cognitivos. Esses sintomas variam em intensidade e progressão entre os indivíduos.