Sente dor nas relações sexuais? Conheça os 2 motivos mais comuns
Dor durante a relação sexual afeta cerca de 39,5% das mulheres no Brasil; médico explica dois quadros comuns
De acordo com a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), a dor durante a relação sexual afeta cerca de 39,5% das mulheres brasileiras entre 40 e 65 anos.

O sexo deve ser uma experiência de prazer e intimidade, não dor ou desconforto. No entanto, muitas pessoas ainda sentem vergonha de abordar questões relacionadas à sexualidade, mesmo em conversas com seus parceiros.
Duas condições bastante comuns podem estar associadas a esse problema, mas, infelizmente, muitas mulheres permanecem sem o diagnóstico adequado. Pensando nisso, o Dr. Thiers Soares, médico ginecologista referência internacional em mioma, endometriose e adenomiose, explica esses quadros e como realizar o diagnóstico e o tratamento.
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Entenda as causas mais comuns
Dispareunia
- O que é?
O termo é utilizado para descrever a dor recorrente durante o ato sexual. Na verdade, esse problema pode surgir em qualquer tipo de penetração, seja durante o sexo, na introdução de um espéculo em um exame ginecológico, ou até mesmo ao usar um absorvente interno.

Existe a dispareunia primária, quando ocorre desde a primeira relação sexual e persiste ao longo da vida; a secundária, quando a mulher começa a sentir desconforto após anos de relações sexuais satisfatórias; e a situacional, que ocorre apenas com determinados parceiros ou situações. Embora a dispareunia possa afetar pessoas de ambos os sexos, ela é mais comum entre as mulheres.
- Sintomas
Os sintomas variam de acordo com a causa, mas no geral são:
– Dor durante a penetração;
– Sensação de queimação;
– Dor ao utilizar absorvente interno ou realizar exame ginecológico;
– Pressão abdominal ou pélvica, que pode ser sentida durante ou após o sexo;
– Dores pulsantes após a relação sexual.
- O que fazer?
Para saber a causa, é necessário primeiramente identificar em que momento o incômodo ocorre — durante a penetração profunda ou logo no início da relação. Essa informação é essencial para um diagnóstico preciso.
Dor na penetração profunda pode indicar condições como endometriose ou a presença de miomas, enquanto desconforto no início do ato pode estar ligado a questões musculares, como o vaginismo.
Para um diagnóstico completo, são realizados exames médicos, como o ginecológico, além de testes laboratoriais e, em alguns casos, exames de imagem para detectar possíveis condições. Além disso, uma avaliação do estado emocional é essencial para identificar possíveis causas como ansiedade, estresse, traumas ou dificuldades no relacionamento.
Em muitos casos, a dispareunia pode ser tratada com sucesso, mas o caminho para a recuperação exige paciência e um tratamento adequado.

Vaginismo
- O que é?
É uma contração involuntária dos músculos ao redor da entrada vaginal, dificultando a penetração e provocando dor durante a relação sexual.
A real incidência desta condição na população ainda é desconhecida, já que muitas não se sentem à vontade para discutir problemas sexuais com seus médicos. No entanto, algumas pesquisas indicam que até 40% das mulheres podem vivenciar algum grau de vaginismo ao longo da vida.
- Sintomas
Os principais sintomas de vaginismo incluem:
– Dor persistente ou recorrente durante a penetração (inclusive ao usar absorventes internos ou durante exames ginecológicos);
– Contrações involuntárias dos músculos vaginais, dificultando ou impedindo a penetração;
– Queimação ou desconforto intenso ao tentar a penetração;
– Ansiedade ou medo relacionado à atividade sexual, podendo levar à evasão de relações íntimas.
- O que fazer?
Ainda não existe um exame específico para diagnosticar o quadro e o ideal é que a avaliação seja feita por um ginecologista ou um fisioterapeuta pélvico com experiência em disfunções sexuais.
O profissional de saúde pode realizar um exame físico para identificar possíveis anormalidades ou infecções na região genital, que são algumas das causas físicas do vaginismo. Além disso, é essencial discutir a história sexual da paciente, os sintomas apresentados, fatores emocionais e quaisquer outros problemas de saúde que possam estar relacionados à condição.
O tratamento normalmente requer uma abordagem multidisciplinar, que pode incluir terapia, aconselhamento para casais, exercícios de relaxamento e, em alguns casos, o uso de dilatadores vaginais.

Se, ao conhecer mais sobre condições como dispareunia e vaginismo, você perceber que seus sintomas não correspondem ao que seria considerado normal, procure a orientação de um especialista.
Esse profissional poderá realizar os exames necessários, fornecer um diagnóstico preciso e indicar as melhores opções de tratamento para cuidar da sua saúde e bem-estar.