Entenda por que alguns autistas são hipersensíveis a barulho
Alguns autistas têm dificuldade em processar o excesso de informações auditivas ao mesmo tempo, causando cansaço mental e físico
A hipersensibilidade ao barulho é um verdadeiro fardo diário num mundo como o nosso, e isto se aplica especialmente a muitas pessoas autistas.
Tudo é tão barulhento, as lojas, os centros das cidades, os parques infantis, etc. Então, se todos nós já vivemos uma situação em que o ruído é perturbador, imagine como é para uma pessoa com hipersensibilidade sensorial.
O que exatamente é hipersensibilidade ao ruído?
A hipersensibilidade acústica é uma intolerância ou baixa tolerância ao ruído. Os sons que incomodam as pessoas hipersensíveis parecem à primeira vista muito comuns e passam completamente despercebidos pela pessoa neurotípica, às vezes até inaudíveis para a maioria das pessoas.
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No entanto, pessoas autistas com hipersensibilidade auditiva percebem os sons de maneira diferente de outras pessoas.
Além disso, é difícil para um autista classificar os diferentes sons ouvidos e atribuir-lhes as prioridades corretas, dando-lhes a sensação de uma espécie de ruído constante.
Isso pode ser muito problemático e causar grande cansaço, enxaquecas, estresse e dificuldade de concentração. Estímulos sonoros muito fortes podem incapacitar a pessoa por um determinado período de tempo (até vários dias).
Todas as pessoas autistas são hipersensíveis ao ruído?
Não, nem todas as pessoas com transtorno do espectro do autismo são hipersensíveis ao ruído.
Em primeiro lugar, é importante saber que uma pessoa autista pode ser hipersensível ou hiposensível. E assim essas peculiaridades sensoriais podem se aplicar a diferentes sentidos: audição, tato, paladar, visão ou olfato.
A hiposensibilidade é exatamente o oposto da hipersensibilidade, ou seja, a pessoa não sente as coisas o suficiente e, portanto, procura um estímulo mais forte. Quando se trata de sons, ela pode, por exemplo, fazer vocalizações ou aproximar-se de determinados sons para estimular a audição.
Consequências da exposição ao excesso de ruído
Quando um autista hipersensível a ruído é exposto a excesso de barulho, como em uma festa ou rua movimentada, pode ocorrer a sobrecarrega sensorial.
Esse estado pode levar a estresse extremo, ansiedade, confusão e até comportamentos de fuga ou crises intensas de estresse.
Se as pessoas afetadas não tiverem a oportunidade de se acalmar e se retirar, elas podem ter uma explosão de raiva, por exemplo, gritar alto, atirar objetos ou machucar a si mesmo ou a outras pessoas.
Também pode ocorrer o que se chama de “desligamento“, que é uma resposta à sobrecarga sensorial intensa. Esse estado de desligamento, também chamado de shutdown, ocorre quando o cérebro fica sobrecarregado com estímulos e não consegue processar ou regular as informações adequadamente.
Durante um shutdown, a pessoa pode parecer apática, retraída ou “desligada” do ambiente, podendo até ter dificuldades para responder a estímulos externos, interagir ou comunicar-se.
Esse é um mecanismo de defesa: ao “desligar” parcialmente, o cérebro busca reduzir a intensidade dos estímulos sensoriais, promovendo uma pausa temporária para evitar o colapso.
O shutdown pode variar em intensidade e duração, dependendo da sensibilidade de cada pessoa e do ambiente.
É importante que familiares e cuidadores ofereçam apoio, ajudando a pessoa a encontrar um espaço silencioso e seguro onde possa se recuperar sem estímulos adicionais.
Que recursos existem para pessoas com autismo hipersensíveis ao ruído?
Há pessoas com autismo que preferem usar fones de ouvido.
Às vezes, apenas certas frequências sonoras são problemáticas, então ela ouve sua música favorita para mascarar os ruídos indesejáveis.
Esse recurso também ajuda o cérebro do autista a processar um soma apenas, eliminando a estimulação sonora excessiva.
Ainda existem recursos como fones de ouvido com cancelamento de ruído ou tampões de ouvido. Esses itens reduzem o ruído e permitem melhorar a concentração, por isso podem ser muito úteis na escola ou no trabalho.