Estudo descobre que variante brasileira é 2 vezes mais transmissível

Mutações descobertas nessa cepa sugerem uma facilidade maior do vírus em se conectar mais firmemente às células humanas

20/04/2021 10:51

Um estudo publicado na renomada revista científica Science descobriu que a variante brasileira, P.1, que surgiu pela primeira vez em Manaus, pode ser até duas vezes mais transmissível do que as cepas que circulavam anteriormente.

Para essa análise, os cientistas usaram um modelo dinâmico que integra dados genômicos e de mortalidade. Eles sequenciaram os genomas SARS-CoV-2 de 184 amostras de pacientes que buscavam o teste de covid-19 em dois laboratórios de diagnóstico em Manaus entre novembro e dezembro de 2020.

Segundo eles, a P.1 surgiu em meados de novembro, cerca de um mês antes do aumento acentuado no número de novas internações em decorrência da covid-19 na cidade. Em apenas sete semanas de circulação, esta variante se tornou a linhagem do vírus mais prevalente na região.

Variante brasileira pode ser até 2 vezes mais transmissível, segundo estudo
Variante brasileira pode ser até 2 vezes mais transmissível, segundo estudo - anyaivanova/istock

O estudo também estimou que após a disseminação da nova variante na região, o risco de morte causada pela doença era de 1,2 a 1,9 vezes maior do que antes da descoberta da P.1. Porém, o estudo não cravou que essa alteração esteja associada a uma gravidade maior da doença gerada pelo novo vírus ou se era uma consequência do colapso no sistema de saúde. Desse forma, não foi possível determinar se a P.1 provoca sintomas mais graves ou não.

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Outro dado interessante descoberto pelos cientistas é que a cepa em questão contém 17 alterações de aminoácidos, incluindo 10 na proteína spike, que faz a ligação com as células humanas.

Essas mutações sugerem uma facilidade maior do vírus em se conectar mais firmemente às células humanas o que, em alguns casos, poderia contribuir para a evasão de anticorpos.

Os autores do estudo frisam ainda que são “urgentemente necessários” novos estudos para avaliar a eficácia das vacinas contra a P.1 e salientam que as medidas de prevenção, como higienização das mãos e distanciamento social, seguem sendo de fundamental importância na redução do surgimento de novas variantes.