Estudo revela alimento responsável por 6 mortes por hora no Brasil

De acordo com levantamento, por dia, 156 brasileiros perdem a vida por doenças relacionadas ao consumo de alimentos industrializados

Por Silvia Melo em parceria com João Gabriel Braga (Médico - CRMGO 28223)
22/11/2024 16:27 / Atualizado em 27/11/2024 13:41

Um estudo encomendado pela ACT Promoção da Saúde e divulgado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) revelou um dado alarmante: no Brasil, os alimentos ultraprocessados são responsáveis por cerca de 6 mortes por hora. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Esses produtos, como refrigerantes, biscoitos recheados, fast foods e congelados, estão associados a doenças crônicas graves, como obesidade, diabetes tipo 2, hipertensão e doenças cardiovasculares, que são as principais causas de morte no país.

A pesquisa estimou que, só em 2019, 57 mil óbitos no Brasil foram atribuídos ao consumo excessivo desses alimentos. Isso equivalente a seis mortes por hora ou 156 por dia.

O impacto é ainda maior entre pessoas mais jovens e de baixa renda, que têm maior exposição a esses produtos devido ao custo mais baixo e ampla disponibilidade.

Os alimentos ultraprocessados são altamente calóricos, pobres em nutrientes e carregados de aditivos químicos, como conservantes, corantes e realçadores de sabor. O consumo excessivo aumenta significativamente os riscos de inflamações, resistência à insulina e acúmulo de gordura no fígado.

Por dia, 156 brasileiros perdem a vida por doenças relacionadas ao consumo de alimentos ultraprocessados
Por dia, 156 brasileiros perdem a vida por doenças relacionadas ao consumo de alimentos ultraprocessados - Rawpixel/istock

A ABIA – Associação Brasileira da Indústria de Alimentos – divulgou uma nota contestando o relatório da ACT, que  “se baseia em dados de risco relativo extraídos de estudos já classificados como de baixa qualidade”.

Leia a nota da ABIA na íntegra:

É importante esclarecer que o documento em questão não se trata de um estudo da Fiocruz, mas sim de um relatório elaborado por um pesquisador a pedido da ACT, uma ONG que, de forma constante, critica a indústria. Trata-se de um relatório superficial, que se baseia em dados de risco relativo extraídos de estudos já classificados como de baixa qualidade, os quais não foram realizados no Brasil e não incluem informações específicas sobre o país. Portanto, o relatório não reflete a realidade do consumo da população brasileira.

Além disso, o que classificam como “alimento ultraprocessado” não possui uma definição clara, abrangendo mais de 5.700 itens produzidos pelas indústrias brasileiras. Entre eles estão produtos como pão, requeijão e iogurte, compondo uma lista extensa e diversificada de alimentos que pouco têm em comum. Causa preocupação e indignação a disseminação de alegações à sociedade brasileira que atribuem a mais de 5.700 alimentos, produzidos por 41 mil indústrias no país e rigorosamente regulamentados e aprovados por órgãos como a Anvisa e o Ministério da Agricultura, a responsabilidade direta por doenças e mortes.

O relatório afirma que “não há consumo seguro” desses alimentos, mesmo assumindo que “ainda não há estudos que estimam o risco relativo e a relação dose-resposta para todos os desfechos de saúde associados ao seu consumo”. Os alimentos produzidos pela indústria brasileira passam por rigorosos controles de qualidade e são aprovados não só pelas autoridades nacionais, como internacionais também. A confiabilidade desses alimentos é evidenciada pelo fato de o Brasil exportar para mais de 190 países, cumprindo rígidos padrões sanitários de cada mercado.