Estudo revela alimentos que resistem a guerras, pandemias e desastres climáticos
Cientistas revelam quais alimentos poderiam salvar vidas em um colapso ambiental global e por que aprender a cultivá-los agora pode ser essencial
Imagine um planeta devastado por uma guerra nuclear, uma pandemia descontrolada ou o impacto de um asteroide. Refúgios subterrâneos como porões e estações de metrô se tornam o novo lar da humanidade, e o maior desafio deixa de ser a tecnologia ou a segurança: é a comida. Em um cenário extremo, o que ainda seria possível cultivar? E mais importante: como garantir alimento suficiente para todos?
Cientistas da Adapt Research, em colaboração com diversas instituições internacionais, mapearam os alimentos mais viáveis para situações de colapso global. O estudo não só aponta os cultivos com maior resiliência, como também propõe uma reorganização da agricultura urbana para alimentar populações inteiras mesmo em tempos de crise.
Os vegetais mais resistentes ao apocalipse
Entre os alimentos que poderiam garantir a sobrevivência humana, alguns se destacam pela alta densidade nutricional, baixo consumo de recursos e capacidade de crescer em ambientes adversos.
- Chícharo (ervilha-de-cheiro): leguminosa rica em proteínas, ideal para agricultura urbana.
Espinafre e beterraba: adaptam-se melhor a climas frios e com pouca luz — típicos de um “inverno nuclear”.
Batata: fornece minerais essenciais e vitamina C. Também pode ser fermentada para produzir álcool em contextos de escassez. - Couve-de-bruxelas, acelga, repolho, brócolis e rúcula: toleram baixas temperaturas e crescem com pouca luz.
- Trigo e cenoura: em proporção de 97% para 3%, são ideais para garantir calorias e resistência em ambientes hostis.
Esses cultivos, quando combinados, poderiam fornecer nutrientes suficientes para minimizar os impactos de desastres climáticos sobre a segurança alimentar.

Limites da agricultura urbana
O estudo considerou uma cidade média, com 90 mil habitantes, áreas verdes modestas e clima temperado. Mesmo sob as melhores condições, o cultivo urbano seria capaz de alimentar apenas 20% da população. Em um inverno nuclear, esse número cairia para 16%.
A solução, segundo os cientistas, é expandir o cultivo para áreas periféricas e investir em tecnologias de agricultura intensiva, como hidroponia e aeroponia, que dispensam solo e usam soluções nutritivas em ambientes controlados.
Alimentos esquecidos com grande potencial
Em tempos de crise, diversificar o cardápio é mais do que uma questão de gosto: é estratégia de sobrevivência.
Alimentos pouco conhecidos mundialmente, mas resistentes a condições extremas, incluem:
- Bambara: leguminosa africana parente do amendoim, rica em proteína e ideal para solos pobres.
- Quinoa, amaranto, batata-doce e sorgo: adaptáveis à seca e altas temperaturas.
- Aloe vera: além de nutritiva, tem propriedades medicinais.
- Mel: não tem prazo de validade e fornece energia rápida.
Esses cultivos têm sido ignorados em larga escala, mas podem ser a chave para um futuro alimentar sustentável, mesmo fora de contextos apocalípticos.

A importância dos pequenos produtores
A agricultura de pequena escala representa cerca de 70% dos alimentos consumidos na América Latina. No entanto, esses produtores enfrentam pobreza, falta de acesso a crédito, e crescentes desafios climáticos.
Além de garantir o sustento de milhões, adotar práticas eficientes, sustentáveis e de baixo impacto ambiental pode ser crucial para fortalecer a cadeia alimentar. A agricultura urbana, que inclui hortas comunitárias, telhados verdes e sistemas hidropônicos, pode funcionar como um amortecedor contra crises.
A segurança alimentar já está em risco
Mesmo sem um desastre global iminente, 2,3 bilhões de pessoas enfrentaram insegurança alimentar em 2024, enquanto quase 1 bilhão de toneladas de alimentos foi desperdiçado no mesmo ano. A equação entre produção e consumo não fecha.
E o problema vai além do prato: mais de um terço das emissões de gases de efeito estufa está associado à produção e transporte de alimentos. Assim, mudar o que comemos e como produzimos pode ser decisivo não apenas para o futuro, mas para o presente.