Estudo revela hábito financeiro simples que traz felicidade, mesmo com pouca renda

Novo estudo mostra que poupar regularmente e pagar dívidas em dia tem impacto direto no bem-estar psicológico, independentemente da renda

04/07/2025 16:45

Se você acredita que precisa ganhar mais para ser mais feliz, talvez seja hora de rever essa ideia. Um novo estudo publicado na revista Stress and Health acompanhou mais de 20 mil pessoas ao longo de 20 anos e chegou a uma conclusão surpreendente: não é quanto você ganha, mas como administra seu dinheiro que mais impacta sua saúde mental.

Comportamentos simples, como guardar dinheiro com frequência e manter o cartão de crédito em dia, foram associados a níveis significativamente mais altos de bem-estar emocional, independentemente da renda. A descoberta reforça que bons hábitos financeiros podem ser uma forma eficaz de autocuidado psicológico.

Pequenas mudanças, grandes ganhos emocionais

O estudo foi conduzido por economistas da Universidade da Austrália do Sul, que analisaram os dados de uma pesquisa domiciliar nacional iniciada em 2001. Usando métodos estatísticos avançados, os pesquisadores conseguiram demonstrar causalidade real entre comportamento financeiro e saúde mental, e não apenas uma simples correlação.

Cada ponto percentual de melhora nos hábitos de poupança ou pagamento de dívidas resultou em uma melhora mensurável na saúde emocional, medida por escalas reconhecidas para ansiedade e depressão. Mesmo quem ganha pouco teve resultados positivos ao adotar hábitos financeiros consistentes.

Bons hábitos financeiros ajudam a aliviar a tensão, trazendo assim mais saúde mental
Bons hábitos financeiros ajudam a aliviar a tensão, trazendo assim mais saúde mental - Atstock Productions/istock

Por que bons hábitos financeiros melhoram sua mente?

Os autores apontam que práticas financeiras saudáveis reduzem a chamada tensão financeira, uma das maiores fontes de estresse crônico na vida adulta. Ao ter uma rotina previsível de gastos e reservas, as pessoas se sentem mais no controle de suas vidas, o que diminui a ansiedade e fortalece a autoestima.

Além disso, menos dívidas e mais economia geram estabilidade, permitindo aproveitar melhor as relações sociais e os pequenos prazeres do dia a dia, fatores conhecidos por promover o bem-estar emocional.

Não é sobre quanto você tem, e sim como você lida

Um dado importante é que o estudo controlou o nível de renda dos participantes. Ou seja: pessoas com mesmo salário, mas hábitos financeiros diferentes, tiveram resultados muito distintos de saúde mental.

Isso reforça que mesmo com poucos recursos, é possível conquistar mais tranquilidade mental ao adotar práticas simples, como criar uma reserva de emergência ou evitar compras parceladas.

Diferenças entre homens e mulheres

O levantamento mostrou também que homens obtêm benefícios psicológicos ainda mais evidentes com a prática de poupança. Embora ambos os sexos tenham se beneficiado da gestão consciente do dinheiro, os homens demonstraram um impacto estatisticamente maior nesse aspecto.

As razões para isso ainda são incertas, mas sugerem que os aspectos culturais e psicológicos associados à segurança financeira podem se manifestar de forma diferente entre os gêneros.

Educação financeira como estratégia de saúde pública

O estudo atravessou grandes crises econômicas, como a de 2008 e a pandemia de COVID-19, e ainda assim os resultados se mantiveram consistentes: quem adota boas práticas financeiras tem melhor saúde mental, mesmo em tempos difíceis.

Diante disso, os pesquisadores sugerem que ensinar gestão de finanças pessoais pode ser uma intervenção eficaz em saúde pública, com potencial para reduzir ansiedade, depressão e até melhorar o funcionamento social das pessoas.

Segundo o professor Rajabrata Banerjee, um dos autores do estudo, criar hábitos financeiros saudáveis é mais do que uma questão de números:

“É importante para construir estabilidade, realizar metas e ter acesso a novas oportunidades. Isso reduz o estresse e sustenta uma boa saúde mental.”

Comportamentos simples, como poupar mesmo que pouco por mês ou pagar o cartão de crédito integralmente, não vão resolver quadros psicológicos graves, mas podem ser o alicerce para uma mente mais equilibrada.