Estudo revela o tipo de alimento que pode estar destruindo seu cérebro

Consumo excessivo de ultraprocessados pode dobrar o risco de Parkinson

Por Silvia Melo em parceria com Anna Luísa Barbosa (Médica - CRMGO 33271)
22/05/2025 03:02 / Atualizado em 24/05/2025 16:34

Um novo estudo publicado na revista Neurology acendeu um alerta preocupante: o consumo elevado de alimentos ultraprocessados pode mais do que dobrar o risco de apresentar sinais precoces da doença de Parkinson. De acordo com a pesquisa, indivíduos que ingerem cerca de 11 porções diárias desse tipo de alimento têm 2,5 vezes mais chances de desenvolver sintomas iniciais relacionados à condição neurológica do que aqueles que consomem apenas três porções por dia.

O que é considerado uma porção de ultraprocessado?

Uma única porção, segundo o estudo, pode incluir:

  • 237 ml de refrigerante (diet ou comum)
  • 1 cachorro-quente
  • 1 fatia de bolo industrializado
  • 1 colher de sopa de ketchup
  • 28g de batatas fritas (um saquinho comum tem 42g)

Esses alimentos, comuns no dia a dia, podem parecer inofensivos, mas o consumo frequente está cada vez mais ligado a riscos para a saúde do cérebro.

Consumo elevado de alimentos ultraprocessados pode mais do que dobrar o risco de Parkinson
Consumo elevado de alimentos ultraprocessados pode mais do que dobrar o risco de Parkinson - imaginima/istock

Sintomas precoces de Parkinson podem surgir décadas antes do diagnóstico

A pesquisa avaliou mais de 42 mil pessoas ao longo de até 26 anos e identificou uma relação entre a alta ingestão de ultraprocessados e sintomas do estágio prodrômico do Parkinson — uma fase que antecede o diagnóstico oficial da doença. Esses sinais incluem:

  • Dores no corpo
  • Constipação
  • Depressão
  • Dificuldade para sentir cheiros e distinguir cores
  • Sonolência excessiva durante o dia
  • Distúrbios do sono REM (movimentar-se durante os sonhos)

A ciência por trás dos riscos

Os alimentos ultraprocessados são caracterizados por conterem altos níveis de açúcar, sal, gorduras saturadas ou trans, aditivos químicos e baixo teor de fibras e nutrientes essenciais. Essa combinação pode levar à inflamação, estresse oxidativo, desequilíbrio da microbiota intestinal e morte de neurônios — fatores relacionados a doenças neurodegenerativas como o Parkinson.

Apesar de o estudo não ter confirmado diagnósticos formais da doença durante o acompanhamento, os pesquisadores afirmam que a presença de múltiplos sintomas prodrômicos já representa um risco significativamente maior de desenvolvimento do Parkinson no futuro.

Os ultraprocessados são caracterizados por conterem altos níveis de açúcar, sal, gorduras saturadas ou trans, aditivos químicos
Os ultraprocessados são caracterizados por conterem altos níveis de açúcar, sal, gorduras saturadas ou trans, aditivos químicos - carotur/istok

Saúde do cérebro começa no prato

“A prevenção de doenças neurodegenerativas pode começar à mesa de jantar”, escreveram os autores de um editorial que acompanhou o estudo. A conclusão reforça a importância de uma alimentação mais natural e nutritiva como forma de preservar a saúde neurológica.

De acordo com Xiang Gao, autor principal da pesquisa e diretor do Instituto de Nutrição da Universidade Fudan, na China, “reduzir o consumo de alimentos processados e adotar uma dieta rica em alimentos integrais pode ser uma estratégia eficaz para manter o cérebro saudável e retardar possíveis sinais da doença”.

Quais alimentos evitar e quais priorizar?

Evite o consumo excessivo de:

  • Refrigerantes e bebidas adoçadas
  • Bolos, biscoitos e doces industrializados
  • Produtos prontos para consumo com longa validade
  • Molhos e condimentos industrializados
  • Lanches salgados embalados

Priorize:

  • Frutas, legumes e verduras frescas
  • Grãos integrais
  • Oleaginosas (nozes, castanhas)
  • Proteínas magras
  • Alimentos minimamente processados