‘Fiquei 9 dias na UTI e fui desenganada’, diz paciente recuperada de covid-19

Jovem e sem doenças preexistentes, Anaceli conta como a doença evoluiu rapidamente para um caso grave

A analista contábil Anaceli de Oliveira Farias, de 38 anos, é uma das pacientes de covid-19 que se recuperou depois de passar mais de uma semana internada. “Fiquei 9 dias na UTI, três deles intubada”, conta em entrevista à Catraca Livre.

Os sintomas começaram a aparecer no sábado, dia 21. Anaceli conta que teve febre, dor de cabeça e muita dor no corpo. No domingo à tarde, começou a sentir falta de ar e, na segunda-feira, procurou o hospital.

A sensação descrita por ela é a de afogamento. “É como se estivesse morrendo na cama sem ter ar. Parece que você está procurando o ar e está se afogando”, explica.

Mesmo fora do grupo considerado de risco, Anaceli teve um quadro considerado gravíssimo
Créditos: arquivo pessoal
Mesmo fora do grupo considerado de risco, Anaceli teve um quadro considerado gravíssimo

Ao chegar ao Hospital Neomater, em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, com muita dificuldade de respirar, os enfermeiros já a identificaram como um caso suspeito de covid-19.

Imediatamente, Anaceli foi isolada e fizeram o teste para coronavírus. Também foi feita uma tomografia, que apresentou o aspecto de vidro fosco, característica comum em pacientes com covid-19, que aponta para o acúmulo de líquido nos pulmões. Em seguida, ela foi levada para a sala de UTI, onde foi conectada ao respirador.



Fora do grupo de risco

Anaceli não faz parte do grupo considerado de risco, não tem nenhuma doença preexistente e não fuma, mesmo assim o quadro dela foi considerado gravíssimo pelos médicos. “Chegaram a falar para o meus pais e meu esposo que eu não tinha chance de vida”, lembra.

Ao todo, foram 12 dias no hospital e mais quatro dias isolada da família, em casa. Durante o tratamento, foram usados azitromicina e tamiflu, esse último foi suspenso após verificar que não se tratava de um quadro de H1N1.

Agora, Anaceli diz estar 100% recuperada. “Não sou mais transmissora do vírus, o médico disse que eu estou imune, mas isso não quer dizer que eu não possa pegar novamente porque o vírus é mutável. Pode ser que seja mais forte, mas eles não sabem ainda dizer”, explica.

Depois desses dias de muita dor e medo, ela diz que o sentimento que fica é o de renovação. “É uma nova chance de tudo. Eu tenho um filho de 6 anos e minha família. Então, a oportunidade de vê-los de novo é um milagre.”