‘Fiquem em casa’, diz médica que tratou 1º morto por coronavírus
Infectologista Carla Guerra contou como foram os seis dias de acompanhamento da primeira vítima fatal do novo vírus e fez um apelo à população brasileira
Em entrevista à BBC News Brasil, a médica infectologista Carla Guerra, que acompanhou ao longo de seis dias e tratou do primeiro paciente morto no Brasil por coronavírus, fez um alerta claro e uníssono: “fiquem em casa. Estamos muito preocupados. Reforcem as medidas de proteção e se cuidem”.
O paciente de 62 anos, que não teve a identidade divulgada, tinha diabetes e hipertensão. Ele começou a sentir os sintomas da Covid-19, doença causada pelo vírus, em 10 de março. O homem procurou atendimento médico, os sintomas pioraram e ele morreu dias depois.
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“Apesar de não termos o resultado antes, considerávamos o caso dele suspeito para o novo coronavírus desde que ele deu entrada no hospital”, explica Guerra, que acompanhou o paciente desde a entrada dele na unidade de saúde.
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Apesar dos sintomas, o paciente não tinha histórico recente de viagem ao exterior e não teve contato com nenhum paciente doente. Por conta disso, o caso dele foi considerado transmissão comunitária — quando não se sabe a origem do vírus.
O homem morava na capital paulista. São Paulo é o estado com mais registros do novo coronavírus no Brasil: até esta terça-feira eram 164 casos confirmados — em todo o país são 314, até agora.
Ele estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Sancta Maggiore, no bairro do Paraíso. Na mesma unidade, segundo a Secretaria de Saúde de São Paulo, há outras quatro mortes de idosos suspeitas de coronavírus — os exames ainda não foram concluídos.
Guerra ainda fez um apelo aos empresários. “A única forma de se prevenir dessa epidemia é que todo mundo fique em casa. É importante permanecer em casa, sem nenhum encontro social. Peçam para as empresas fazerem home office. Poupem os idosos de exposições”, declara.