Novo estudo sugere que jejum intermitente ajuda no tratamento de Alzheimer
Estudo mostra o que pode ajudar no tratamento do Alzheimer, apresentando melhorias na memória e redução de acúmulos de proteína amiloide
Mais da metade dos pacientes com Alzheimer experimentam perturbações no seu relógio biológico, resultando em insônia e agravamento da condição cognitiva durante a noite. Essas questões raramente acabam sendo abordadas pelos tratamentos já existentes para a doença, mas um estudo recente da Universidade da Califórnia, em San Diego (UCSD), sugere uma nova abordagem.
Os cientistas propõem que um jejum alimentar, limitando a janela diária de ingestão de alimentos, pode produzir benefícios significativos para esses pacientes.
A condição de Alzheimer afeta globalmente 55 milhões de pessoas, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). No Brasil, a estimativa do Ministério da Saúde é de 1,2 milhões de pacientes, com 100 mil novos diagnósticos surgindo a cada ano.
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As opções de tratamento ainda são limitadas, tendo alto custo financeiro e apresentando resultados modestos na redução do declínio cognitivo.
Como o jejum intermitente pode ajudar?
O estudo, publicado na revista Cell Metabolism, utilizou camundongos alimentados em regime de jejum intermitente para observar os efeitos desta prática.
Os resultados foram positivos em termos de melhorias na memória e na redução de acúmulos de proteínas amiloide – um agrupamento que é frequentemente identificado como uma das principais causa do Alzheimer.
A autora sênior do estudo, Paula Desplats, sugere que as interrupções circadianas, antes acreditadas como resultado da degeneração do cérebro causada pelo Alzheimer, podem ser um dos principais motores do avanço da doença.
Jejum e implicações a nível molecular
A estratégia testada pelos cientistas consistiu em controlar o ciclo circadiano por meio da alimentação. Então, os animais acabaram divididos em grupos, sendo que as cobaias só podiam comer em um intervalo de seis horas por dia. Em pessoas, isso equivaleria a 14 horas de jejum.
Em comparação aos animais do grupo que recebiam comida o tempo todo, os animais alimentados com horário restrito mostraram melhorias em termos de memória, de ciclo de sono e declínios na acumulação de proteína amiloide em seus cérebros. O que demonstra que o jejum foi capaz de ajudar a mitigar os sintomas comportamentais da doença de Alzheimer, afirmam os autores.
Os cientistas também notaram diferenças na expressão de vários genes associados à doença de Alzheimer nos animais, demonstrando que o jejum é capaz de gerar mudanças positivas a níveis moleculares.
Isso fortalece a ideia de que o jejum intermitente tem potencial para atuar como uma forma de tratamento eficiente ao Alzheimer.
O que isso significa para humanos com Alzheimer?
A Diretora Executiva de Pesquisas da organização Alzheimer’s Research UK, Susan Kolhaas, comemorou os resultados do estudo. Entretanto, ela ressalta que os efeitos positivos observados nos camundongos precisam ser estudados mais a fundo antes de serem aplicados em ensaios clínicos em humanos.
Mesmo que existam limitações e pontos a serem analisados, estudos como esse são fundamentais para o avanço na compreensão da relação entre a alimentação, os ciclos circadianos e o Alzheimer, o que pode abrir portas para a descoberta de melhores tratamentos.