Os 4 estágios do lipedema; saiba reconhecer os sintomas da condição que acomete principalmente as mulheres

Muitas vezes, a condição é confundida com obesidade, no entanto, a gordura do lipedema não é facilmente eliminada com exercícios e dieta

Por Silvia Melo em parceria com João Gabriel Braga (Médico - CRMGO 28223)
16/10/2024 06:30

O lipedema é uma condição crônica que afeta predominantemente mulheres, caracterizada pelo acúmulo anormal de gordura nas pernas, coxas e, em alguns casos, nos braços.

A gordura é resistente a dietas e exercícios físicos, e a condição causa dor crônica, inchaço e uma aparência desproporcional do corpo, mesmo que a pessoa mantenha um peso corporal saudável.

Como o lipedema evolui em estágios, muitas pessoas não sabem que têm o problema.

Para se ter uma ideia, de acordo com o Instituto Lipedema Brasil, cinco milhões de brasileiras apresentam os sintomas sem saber que trata-se de uma doença.

Muitas vezes confundido com obesidade ou linfedema, o lipedema tem características próprias e exige tratamentos específicos
Muitas vezes confundido com obesidade ou linfedema, o lipedema tem características próprias e exige tratamentos específicos - Pikovit44/istock

Sintomas de lipedema

  • acúmulo de gordura nas pernas e à vezes nos braços, sem afetar mãos e pés
  • dor ao toque
  • hematomas e deformidades
  • sensação de peso nas áreas afetadas

Causas do lipedema

As causas exatas do lipedema ainda não são totalmente compreendidas, mas acredita-se que fatores genéticos tenham um papel importante no desenvolvimento da condição.

Alterações hormonais, uso de contraceptivos orais, gravidez e menopausa estão entre as possíveis causas”, explica o cirurgião vascular e angiologista Fábio Rocha.

Os 4 estágios do lipedema

O lipedema pode progredir ao longo do tempo, passando por quatro estágios, cada um com suas próprias características e sintomas. 

  • Estágio 1

No primeiro estágio do lipedema, o acúmulo de gordura nas pernas e/ou nos braços já está presente, mas a pele não apresenta irregularidades visíveis. As características principais deste estágio incluem pele lisa e macia, sensação de peso nas pernas, inchaço leve, que pode aumentar ao longo do dia, mas geralmente diminui com o repouso.

Nessa fase, o diagnóstico pode ser difícil, pois muitas mulheres não percebem que estão desenvolvendo lipedema e o confundem com ganho de peso comum.

  • Estágio 2

No estágio 2, essa gordura torna-se mais proeminente, surgem nódulos perceptíveis e o inchaço moderado já não diminui com repouso. Além disso, a dor ao toque aumenta, e há desconforto frequente nas áreas afetadas.

  • Estágio 3

No estágio 3, a condição avança para uma quantidade significativa de tecido adiposo com deformidades visíveis nas pernas.

A pele se torna mais endurecida e irregular, com a presença de dobras de gordura, e a dor é intensa, limitando a mobilidade.

  •  Estágio 4

No estágio 4, o mais grave, o peso é extremo, com grande acúmulo de líquidos nos tecidos, levando a inchaço mais grave. Também há deformidades severas nas pernas e mobilidade severamente comprometida, acompanhada de dor crônica debilitante.

Além do impacto estético e do desconforto físico, o lipedema não tratado pode levar a complicações graves, como problemas linfáticos (linfedema), problemas articulares (artrose e condromalácia), problemas circulatórios (trombose venosa profunda e embolia pulmonar), e problemas psicológicos (depressão, ansiedade e baixa autoestima).

Como é o tratamento

O tratamento do lipedema envolve uma abordagem multidisciplinar que visa controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida.

Entre as principais opções estão a drenagem linfática manual, que ajuda a reduzir o inchaço. Mas mudanças no estilo de vida também são necessárias.

“Mudanças no estilo de vida com adoção de uma alimentação anti-inflamatória e prática regular de atividade física são realmente estratégias importantes para controlar a evolução do lipedema, visto que é uma doença crônica, isto é, que não tem cura”, afirma a cirurgiã vascular, Dra. Aline Lamaita

“Mas outras medidas devem ser adotadas, como uso de meias de compressão e medicamentos e até mesmo a realização de procedimentos cirúrgicos para a retirada do tecido gorduroso doente, como a lipoaspiração”, explica a médica.